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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

POEMA - A loucura de uma alegria justa.

Quando eu morrer


Quero os meus inimigos


A chorar baba e ranho.


Tristes. Combalidos.


Sofridos.


Quero ver a minha mulher


Vestida de vermelho


E com sete pretendentes atrás.


Feliz da vida…


Ostentando…


Numa das mãos um espelho


Gritando:


- Perde por tardia a sua partida.


Sorrindo e dançando…


De todo… em nada sofrida.


Quero os meus filhos radiantes


Concentrados a aplaudir


Cantado e saltando


Exclamando:


- O gajo desta não pode fugir.


Quero que os meus amigos


Fiquem em casa a ver televisão


De preferência a ver o S.L. Benfica


…a ser Campeão.


Quero foguetes a estourar no ar


Canas a cair no chão


Como gotas de uma chuva forte.


Quero ir despido…


E com um bocadinho de sorte


Ostentar um olhar de arrependido.


Quero ir ao toque da Fanfarra


De uma Filarmónica


De uma Tuna Académica


Quero que seja um dia de farra


Que a minha irmã fique afónica


A minha sobrinha suspire e diga:


- Liberei-me desta praga.


O meu afilhado pegue na harmónica


E toque até lhe faltar o folgo.


E o meu cunhado esfregue as mãos


E se julgue um mata-borrão.


Eu quero ser cremado…


Adubo para anexar a excrementos


Mas se me meterem no mesmo saco


Que o endeusado…


Que se lixe o pregão.


Não pensem em haver pagode


Que todos fiquem de diarreia…


Queriam-me ver-me de chifres!?


Sacanas… seus maus arbitres.


Que se encalacre o óbito.


Mesmo contrariado quero viver


Para ver o imbróglio e a folia


De o ver pagar por tudo…


Num tempo sem previsões


De meteorologia


Aonde o diabo…


Seja cego… surdo e mudo


Tudo o que sobe desce.


Com mais ou menos preguiça.


Todos os impérios caíram…


Eu quero sabe-lo…não me conturbo.


Irra! Não queriam mais nada?


Eu quero saciar a sede de justiça


Nem que seja numa fonte de chafurdo.

… … … …
ALBERTO DE CANAVEZES