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domingo, 15 de janeiro de 2012

“radicalismos” = “clubite” e “partidarite”. O moderno ópio do povo.

Vivemos numa cristalização de valores. Não possuímos auto-estima. Somos acomodados. Coabitamos com esta derrocada de cidadania com dois predicados intrinsecamente ligados a nós, como uma adenda se tratasse. Sofremos de duas doenças que nos serve indirectamente de antibiótico ou aspirina. Distraímos a nossa indignação com dois “radicalismos” agudos de “clubite” e “partidarite”. Sem argumentação ou qualquer visão idónea e isenta para justificar tal sintoma. Os nossos são os melhores porque, sim.


O meu Clube é intocável. Nas 17 Leis do Futebol, as regras punitivas são sempre dúbias. Se o meu atleta entrar a matar nunca é falta, além disso se o adversário morrer dinamiza a economia… Durante os noventa minutos “Deus” só é bom e Omnipotente se o árbitro congeminar artes e engenhos de nas dúvidas favorecer a minha equipa. Mais, se só apitar as faltas dos componentes da equipa rival. Em suma se ganharmos seja que de maneira for…


O meu Partido é o mais eloquente e o que dinamiza uma dinâmica de regeneração mais proficiente, na relação probidade / equidade. Os seus dirigentes ostentam mais concepção de sentido e autoridade do Estado. A sua mensagem possui uma oratória audível e perceptível. Se estamos como estamos devemo-lo – sempre – “aos outros”…


E nesta dicotomia, de amolecimento de análise crítica e de adormecimento de cidadania, esquecemo-nos que vivemos do acessório e não do essencial. Que os Clubes se “digladiam” por uma taça… que na contextualização da nossa representatividade como Pátria e Soberania, merecem-nos que sejam o mais competitivos possíveis dentro da legalidade e da isenção, já que, quanto maior for essa exigência, maior e melhor será o que nos une como uma Nação e Povo. A nossa Selecção será muito mais forte e coesa…


Quanto aos partidos políticos, proclamamos: “quanto pior estes tipos governarem melhor…” aqui denotamos o quanto, somos fracos de espírito. Somos todos nós, as vítimas. Não foi, nem é a facção que os elegeu, que sofrerá esse drama ou trauma… Se o nosso grau de participação for mais incisivo e reivindicativo no nosso contexto de cidadãos, a sua co-responsabilização perante a sociedade, terá a dimensão da nossa tomada de decisão. Somos, nós povo que elegemos os corpos que lhes dão vida. Com elevação e serenidade, podemos desfrutar deste momento de grandes dificuldades e de algumas “incógnitas” para sermos mais participativos e reformistas. Exigirmos outra conduta dos políticos, tanto no grau de eficácia como o de assumir a responsabilidades dos seus actos. Participarmos activamente e com lucidez na Reforma Administrativa do Poder Local, sem bairrismos exacerbados nem actos de xenofobismo. Entre outras matérias, nas quais, quem diz que nos representa, nada nos pergunta sobre a nossa opinião… Temos que cultivar padrões de análise crítica que se fundamentem em termos de argumentação e jamais nos desprazeres e retraimentos do: porque sim / porque não. Continuar acomodados neste momento, desautoriza-nos no futuro, mal que não seja de só desdizer mais do mesmo: porque sim / porque não.


ALBERTO DE CANAVEZES/JORGE GONÇALVES