Para além do após aqui cair
Convim de uma partida: - de estar!
Quedei – me porque pensei fugir
Abalei porque julguei: - ficar!
Ocultos, olhares os meus!
Secretos, falares os teus!
Não te conhecia: espreitava – te!
Não te pertencia: narrava – te!
Enigmáticos fluidos diáfanos
Impenetráveis ruídos de mudez
Misteriosos, desconhecidos: ufanos
Que claridade e que bruma se fez!?
Recônditos caminhos dos “arcanos”
Que obstinação e disponibilidade…
Que fés por rezas, que delírios profanos
Que enganos de mentira tão verdade!?
Sibilino!
- Que “pés” abespinhas ou prezas?
- Que calafrios te causam danos!?
És tão imaturo e lampo
Quão…alba de “mi”: - nino!!!
A decessa de um moribundo
Estou imbecilizado de correr
De percorre...
Adversado por ter que viver
E ainda por cima ter que: - morrer!
Que chatice!
Que cretinice!
Que aselha! …
Ice
Aos céus!
Tormentos meus!
Que deus menor existe em mim?
Que demo me dá o reverso de um sim!
Que paspalho me afugenta
E com falinhas mansas me intenta!?
Estou na orla do útil e do cruel saber
Estou na borla do fútil e do papel por escrever.
Não tenho arte nem talento para não crer
O que me guardam para atavio: - ser
Que aldrabice!
Que merdice!
Que telha!
Ice
Aos céus
Tormentos meus!
Coriscos me partam a alma
E me corrijam os jeitos por cada palma!
Fado teso
Nasci sem escudo.
- Nasci nu.
Bebi leite sem cacau.
Da teta.
Pedia mais com cara de mau.
Não tinha cheta.
Não foi preciso chupeta
Gordo que nem um nabo
Içava o rabo
E andava à boleia sem chavo
Carinhos eram de todos e mais alguém
Não tinha vintém.
Ia ao alto – “pilim” “pilão” – vinha abaixo
E rapava o fundo ao tacho.
Manjava entre dedos e a mão: - massa
Lambia os beiços
Que pataca!
Tinha jeito e graça
Era só barraca.
E ficava com o bago nos queixos.
Belos alqueires, linda maquia
Cocó com um caroço aqui e além
Colheita de barriga cheia.
Com pé descalço ou Pé-de-meia
Cavava para o quintal
E no bagulho espalhado pela eira
Mais os feijões
Cunhava a moeda da minha capital
Içava uma bandeira num graveto
E gozava ter alguns tostões!
Hoje o numerário:
- Um euro ou um centavo
É sinónimo de fadário
Sou parvo...
Sou genuíno…
- No meu bornal dinheiro é sumiço
É como ressuscitar um suíno
Depois de ser chouriço!
Suscitação!
Pelo sinal
Da minha cruz
Tanto tenho demandas do diabo
Como de Jesus…
São gravuras da minha sebenta
Um que me seduz:
- De véu me abraça o peito…
E pelas suas chagas o respeito…
Outro sem rosto e de capuz
- Escolta – me desde o leito
E nos enlevos da fraqueza o aceito.
A parte frívola
O flanco, azémola
A maldição
De cada um de nós
Faz do crepúsculo uma vaga trémula
Com imagens sem sombras
E abominação!
Não me sei domiciliar sem ambos:
- Albardo – me de ablução ao “Culto”!
- Infecto – me atabalhoadamente do oculto!
Não consigo separar – me…
Siso cortar o mal pela raiz
Nada feito…
Estão sempre lado a lado
A meterem o nariz.
Emudecimentos!
Sempre que se dialoga:
Existe vida.
Sempre que se arrazoa:
Existe vida.
Sempre que se roda
Existe vida.
Sempre que se é pessoa
Figura o limite.
E quem o admite?
Se o bem é mal?
- Está tudo óptimo!
Se o mal é bem?
- Está tudo óptimo!
A única diferença é o:
Óptimo!
Quanto ao resto:
Estou óptimo!
Oriunda! Oriundo!
A minha figura é oriunda de onde?
Sou oriundo de onde?
Aonde andava a génese de mim?
Aonde parou o efeito de mim?
A causa tem espiral
Num fim qualquer
Adoro ser macho
E amar uma mulher!
A semente tem lugarejo
- Uivos de animal!
São notas de realejo
Num achar-se bem e sentir-se ma1!
Peugada codificada
Desabusadamente procurei – te.
Qual a razão?
Empanturrava um desmesurado ardor
Qual o motivo?
Encarcerei – te num nó, estaqueamos ligados
Temperamento de caturrice?
Não sei!?
Já me alcunharam asno com sestro de burrice.
Procurar…
Paixão…
Ligação…
O receituário do amor
Do amor puro e malcriado
Do amor que por ser amor
É muito grande quando pequeno
E pequeno quando quer ser exagerado.
Desabusadamente procurei – te.
Qual a razão?
Empanturrava um desmesurado ardor
Qual o motivo?
Encarcerei – te num nó, estaqueamos ligados
Temperamento de caturrice?~
Não sei!?
Já me alcunharam asno com sestro de burrice.
Feitiça / Derriça
Que… cobiça!
Haurir o que é doutro
Crivar cerumes e amuos matreiros
… Hipnose…
Magicar que por uma fórmula de riçar
Dimana uma flatulência e bulício – noutro.
…Sinopse:
Exército de telepatia e fluidos guerrilheiros
Que pelejam e contrafazem que proscrevem
…Gnose!
Tristes, galhofeiros dêem farpelas de marinheiros
A quem da diafanidade tem pavor
Gesticulem, esbracejem e estrebuchem
Seguidamente…
Confundam a causticidade com a suavidade.
Posteriormente…
Sacudam – se e pulem
Desagravem – se…
… … … … … …
E ululem:
Que o uniforme fora da mercê
Relampagueia no pó entre negras
E na melhor fazenda capitula
Sob todos os tratados e regras
Ninguém o descreve e intitula
Mesmo que se borrife de historia
Aereamente se tome fóssil de pregas
De feição persecutória!!!
Multifacetado
Sou um empreiteiro de letras
Cozinheiro de consonâncias
Mandatário de tretas…
Fonte de todas as ganâncias!
Sou anjo, ou o reverso: belzebu
Estimado como desprezado
Tanto levo um pontapé no cu
Como sou aviltado ou idolatrado!
Existem alturas que não estou em mim
Vagueio por aquele, este ou o outro…
Bato – me como se o fizesse numa porta
Abro – me… cumprimento – me… entro:
E o que vejo agrada – me… o resto não importa.
Diarquia
Sinto – me povo e rei
Mandante… obediente
Comparto o poder com quem:
- Não sei.
- Com que gente!?
- Muito menos.
Nada conto…
Acciono acenos
Ponto! …
Uns escorreitos
Os demais… obscenos!
Sobrepujado
Porquê?
Qual a azáfama?
Dou – me pasmado
Quiçá … prostrado!
O “destino” leva – me para a “fama”
Esconjura – me
Vergasta – me
Malbarata – me
Desfolha – me na rama
Enxuga – me na lama.
Estou a dois passos do tudo e do nada
De um olhar perdido no horizonte…
De uma gota seca… de água molhada
De descer a querer subir um monte!
Conjecturo olhares pérfidos
Que me perseguem
Por ser quem sou
Por ser: - “eu em mim”
Porque estou…
…ou …
…vou…
Porque sim
…ou …
Porque não!
A nascença das almas danosas
Cotejam
Falanges de aríetes
Cortejam
Espinhos… nunca: rosas
Inumam – me “cuidados” sobre: ferretes.
Predicatório de hipocrisias
Tenham crença!
Ribombem sinos… continuem
A fornicar – me todos os dias!
Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Downhill (urzes)
(Para o Fábio)
Uma serrania enladeirada
Trilhos pedonais… ´
Recurvados… ~
Pejados de raízes como rugas
- Alcaiote
…dos segredos rurais
De todos os tugúrios
E do chilrear dos pardais…
Giro molhado: porquanto chove
Se seco: poeiradas como na rua
Faz – se má-língua… uns murmúrios
Sucede uma Bicicleta
Emerge do nevoeiro
Organiza – se um olé…
Um bruaá…
Haja coração!
Uma escapatória
…um esbarrondadeiro…
Um artista cai de pé…
E sendo campeão
…mesmo segundo é primeiro.
Porquidade
- Queria – me fazer uma pergunta, que não fez…
Deu uma resposta por mim… que não me ouviu!
…Inventou.
… Mentiu.
- Estouvado e de forma besunta
Sofreou a tez…
Sorriu de vitupério
… E em surdina
Praguejou por dez
Com um semblante sério.
… Mascarou.
… Urdiu.
- Parece diviso: inveja!~
Mostras…
Laivos de laivo…
Prece, aviso: flameja!
Que portas!...
Caibo por onde… aonde!
Aonde… por onde caibo!?
Alberto Canavezes