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terça-feira, 6 de setembro de 2011

14 POEMAS - POÉTICOS E ARCANOS




ARCANO!





Para além do após aqui cair


Convim de uma partida: - de estar!


Quedei – me porque pensei fugir


Abalei porque julguei: - ficar!



Ocultos, olhares os meus!
Secretos, falares os teus!


Não te conhecia: espreitava – te!


Não te pertencia: narrava – te!



Enigmáticos fluidos diáfanos


Impenetráveis ruídos de mudez


Misteriosos, desconhecidos: ufanos


Que claridade e que bruma se fez!?



Recônditos caminhos dos “arcanos”


Que obstinação e disponibilidade…


Que fés por rezas, que delírios profanos


Que enganos de mentira tão verdade!?


Sibilino!


- Que “pés” abespinhas ou prezas?


- Que calafrios te causam danos!?


És tão imaturo e lampo


Quão…alba de “mi”: - nino!!!





A decessa de um moribundo



Estou imbecilizado de correr


De percorre...


Adversado por ter que viver


E ainda por cima ter que: - morrer!


Que chatice!


Que cretinice!


Que aselha! …


Ice


Aos céus!
Tormentos meus!


Que deus menor existe em mim?


Que demo me dá o reverso de um sim!


Que paspalho me afugenta


E com falinhas mansas me intenta!?


Estou na orla do útil e do cruel saber


Estou na borla do fútil e do papel por escrever.


Não tenho arte nem talento para não crer


O que me guardam para atavio: - ser
Que aldrabice!
Que merdice!


Que telha!


Ice


Aos céus


Tormentos meus!


Coriscos me partam a alma


E me corrijam os jeitos por cada palma!


Fado teso



Nasci sem escudo.


- Nasci nu.


Bebi leite sem cacau.


Da teta.


Pedia mais com cara de mau.


Não tinha cheta.


Não foi preciso chupeta


Gordo que nem um nabo


Içava o rabo


E andava à boleia sem chavo


Carinhos eram de todos e mais alguém


Não tinha vintém.


Ia ao alto – “pilim” “pilão” – vinha abaixo
E rapava o fundo ao tacho.


Manjava entre dedos e a mão: - massa


Lambia os beiços


Que pataca!


Tinha jeito e graça


Era só barraca.


E ficava com o bago nos queixos.


Belos alqueires, linda maquia


Cocó com um caroço aqui e além


Colheita de barriga cheia.


Com pé descalço ou Pé-de-meia


Cavava para o quintal


E no bagulho espalhado pela eira


Mais os feijões


Cunhava a moeda da minha capital


Içava uma bandeira num graveto


E gozava ter alguns tostões!


Hoje o numerário:


- Um euro ou um centavo


É sinónimo de fadário


Sou parvo...


Sou genuíno…


- No meu bornal dinheiro é sumiço


É como ressuscitar um suíno


Depois de ser chouriço!


Suscitação!


Pelo sinal


Da minha cruz


Tanto tenho demandas do diabo


Como de Jesus…


São gravuras da minha sebenta


Um que me seduz:


- De véu me abraça o peito…


E pelas suas chagas o respeito…


Outro sem rosto e de capuz


- Escolta – me desde o leito


E nos enlevos da fraqueza o aceito.


A parte frívola
O flanco, azémola


A maldição


De cada um de nós


Faz do crepúsculo uma vaga trémula


Com imagens sem sombras


E abominação!


Não me sei domiciliar sem ambos:


- Albardo – me de ablução ao “Culto”!


- Infecto – me atabalhoadamente do oculto!


Não consigo separar – me…


Siso cortar o mal pela raiz
Nada feito…


Estão sempre lado a lado


A meterem o nariz.




Emudecimentos!

Sempre que se dialoga:


Existe vida.


Sempre que se arrazoa:


Existe vida.


Sempre que se roda


Existe vida.


Sempre que se é pessoa


Figura o limite.


E quem o admite?


Se o bem é mal?


- Está tudo óptimo!


Se o mal é bem?


- Está tudo óptimo!


A única diferença é o:


Óptimo!


Quanto ao resto:


Estou óptimo!



Oriunda! Oriundo!


A minha figura é oriunda de onde?


Sou oriundo de onde?
Aonde andava a génese de mim?


Aonde parou o efeito de mim?


A causa tem espiral


Num fim qualquer


Adoro ser macho


E amar uma mulher!


A semente tem lugarejo


- Uivos de animal!


São notas de realejo


Num achar-se bem e sentir-se ma1!



Peugada codificada

Desabusadamente procurei – te.


Qual a razão?


Empanturrava um desmesurado ardor


Qual o motivo?


Encarcerei – te num nó, estaqueamos ligados


Temperamento de caturrice?


Não sei!?


Já me alcunharam asno com sestro de burrice.


Procurar


Paixão


Ligação


O receituário do amor


Do amor puro e malcriado


Do amor que por ser amor


É muito grande quando pequeno
E pequeno quando quer ser exagerado.


Desabusadamente procurei – te.


Qual a razão?


Empanturrava um desmesurado ardor


Qual o motivo?


Encarcerei – te num nó, estaqueamos ligados


Temperamento de caturrice?~


Não sei!?


Já me alcunharam asno com sestro de burrice.



Feitiça / Derriça



Que… cobiça!


Haurir o que é doutro


Crivar cerumes e amuos matreiros


… Hipnose…


Magicar que por uma fórmula de riçar


Dimana uma flatulência e bulício – noutro.


…Sinopse:


Exército de telepatia e fluidos guerrilheiros


Que pelejam e contrafazem que proscrevem


…Gnose!


Tristes, galhofeiros dêem farpelas de marinheiros


A quem da diafanidade tem pavor


Gesticulem, esbracejem e estrebuchem


Seguidamente…


Confundam a causticidade com a suavidade.


Posteriormente…


Sacudam – se e pulem


Desagravem – se…


… … … … … …


E ululem:


Que o uniforme fora da mercê


Relampagueia no pó entre negras


E na melhor fazenda capitula


Sob todos os tratados e regras


Ninguém o descreve e intitula


Mesmo que se borrife de historia


Aereamente se tome fóssil de pregas


De feição persecutória!!!



Multifacetado


Sou um empreiteiro de letras


Cozinheiro de consonâncias


Mandatário de tretas…


Fonte de todas as ganâncias!


Sou anjo, ou o reverso: belzebu


Estimado como desprezado


Tanto levo um pontapé no cu


Como sou aviltado ou idolatrado!


Existem alturas que não estou em mim


Vagueio por aquele, este ou o outro…


Bato – me como se o fizesse numa porta


Abro – me… cumprimento – me… entro:


E o que vejo agrada – me… o resto não importa.




Diarquia

Sinto – me povo e rei


Mandante… obediente


Comparto o poder com quem:


- Não sei.


- Com que gente!?


- Muito menos.


Nada conto…


Acciono acenos


Ponto! …


Uns escorreitos


Os demais… obscenos!



Sobrepujado

Porquê?


Qual a azáfama?


Dou – me pasmado


Quiçá … prostrado!


O “destino” leva – me para a “fama”


Esconjura – me


Vergasta – me


Malbarata – me


Desfolha – me na rama


Enxuga – me na lama.


Estou a dois passos do tudo e do nada


De um olhar perdido no horizonte…


De uma gota seca… de água molhada


De descer a querer subir um monte!


Conjecturo olhares pérfidos


Que me perseguem


Por ser quem sou


Por ser: - “eu em mim”


Porque estou…


…ou …


…vou…


Porque sim


…ou …


Porque não!


A nascença das almas danosas


Cotejam


Falanges de aríetes


Cortejam


Espinhos… nunca: rosas


Inumam – me “cuidados” sobre: ferretes.


Predicatório de hipocrisias


Tenham crença!


Ribombem sinos… continuem


A fornicar – me todos os dias!


Aleluia! Aleluia! Aleluia!



Downhill (urzes)


(Para o Fábio)



Uma serrania enladeirada


Trilhos pedonais… ´


Recurvados… ~


Pejados de raízes como rugas


- Alcaiote


…dos segredos rurais


De todos os tugúrios


E do chilrear dos pardais…


Giro molhado: porquanto chove


Se seco: poeiradas como na rua


Faz – se má-língua… uns murmúrios


Sucede uma Bicicleta
Emerge do nevoeiro


Organiza – se um olé…


Um bruaá…


Haja coração!


Uma escapatória


…um esbarrondadeiro…


Um artista cai de pé…


E sendo campeão


…mesmo segundo é primeiro.



Porquidade



- Queria – me fazer uma pergunta, que não fez…


Deu uma resposta por mim… que não me ouviu!


…Inventou.


… Mentiu.


- Estouvado e de forma besunta


Sofreou a tez…


Sorriu de vitupério
… E em surdina


Praguejou por dez


Com um semblante sério.


… Mascarou.


… Urdiu.
- Parece diviso: inveja!~


Mostras…


Laivos de laivo…


Prece, aviso: flameja!


Que portas!...


Caibo por onde… aonde!


Aonde… por onde caibo!?

Alberto Canavezes