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sábado, 8 de outubro de 2011

1º TURNO NA COVA DA FARRONCA

Estive na Cova da Farronca - com a devida mascara - na lixeira mais democrática de todos os planetas. Ali estão despojados os “dejectos” mais universais que podemos imaginar. Fiz o turno das três horas da manhã às sete. E das doze e trinta às catorze horas de hoje. O turno da noite foi um acontecimento único que já presenciei ao vivo. Não vi nada... Vi Tudo. Só que pelos tons laranjas da minha sebe e o chapéu-de-sol às bolinhas brancas, fizeram de mim, um dos maiores protagonistas da história deste concelho. O cheiro uma delicia para os predadores noctívagos. Consegui fazer um comício com uma alcateia de lobos e raposas; enxames de moscas varejeiras; uma manada de javalis, eu sei lá que mais... Estavam os meus amigos vampiros – antes, do comício começar tivemos de elaborar um pacto de não agressão com estes e os restantes bichos – facto, esse que correu com a maior naturalidade possível. Sem palavrões nem raciocínios carnais. E os meus “heróis” olímpicos os morcegos. Todos “rotos” e exaustos porque causa, das primeiras olimpíadas. Inconsoláveis, porque o edil “nem sequer deveria permitir as luzes acesas de noite”… “É de noite… é noite, mais nada”.



Ordem de trabalhos:



PONTO ÚNICO: O lixo do lixo que lixo no lixo.



As raposas e os lobos querem mais ossos e carne. Solução preconizada ou serem entronados na "Freiria do Burgo" ... como não há canil no Município. Auuuuuu! Mas Cães!? Ui! Ui! Mais que muitos... Começam a frequentar as ruas da capital universal de dia. E com manifestações clandestinas junto ao restaurativo “O Coleguita” por turnos. Quando estiver o dinossauro a manjar á nossa custa é: os lobos. Quando a comensal for a “viatura” em forma de soberana é: as raposas. Vão a patas para não pagarem o "tique" de estacionamente. Que vão comer ou comerem, isso foi tratado como os requerimentos apresentados pela oposição nas assembleias municipais. Ficou fora da acta... neste caso até acho bem, era abrir muito o jogo, perante "tanta policia municipal"Digo, batedores. As moscas varejeiras ficaram com a zona sul da lixeira como: zona universal de casa de banho a céu aberto com a concessão até finais do ano 2013. Com um grupo de comandos na peugada do dinossauro. Sempre lhe vão limpando a carcaça. Aqui até as lágrimas me vieram aos olhos. Que solidariedade de um bicho que poisa em toda a porcaria… Os Javalis ficaram com a zona periférica da lixeira até às fronteiras do ninho do dinossauro. Não têm razão de queixa. Reclamaram todos os canapés presentes assim como todos os plásticos – para fazerem gabardines para a chuva – e as esferovites espalhados a granel para guardar os rebotalhos sobrantes de cada repasto. Animal progressivo! Hei! Os vampiros, esses celebraram um pacto de não agressão com as espécies presentes até aos finais de 2013. Em contrapartida o dinossauro é todo deles. Também por sugestão minha, vão assinar um protocolo com o laboratório das doenças de cariz infecto-contagioso dos HUC. Não vá o dinossauro já estar possuído com mais veneno que sangue. Os morcegos ficaram com todas a sobras, no intuito de conseguir fazer uma poção mágica igual há que o Asterix e Obelix usaram nos jogos olimpicos realizados na Grécia, para fazerem melhor figura nas próximas olimpíadas. Estavam desolados. Abatidos. Revoltados. Queixando – se que a sua performance não foi a melhor por causa da luz estar acesa até às três da manhã. Exigem que só estejam acesas até á meia-noite. Acta aprovada em minuta por unanimidade. Estavam todos para "desertar" quando subitamente a cerca de mil metros de tão “belo” cartão-de-visita para o nosso concelho, ouvimos o dinossauro a chegar a casa. Como por impulsão colectiva e por telepatia, todos do lado de cima para baixo começamos a soprar o cheiro para o seu ninho no intuito de o nausear e fazer perder os sentidos para lhe aplicarmos um radar no lombo para saber que caminhos, anda a macerar ultimamente, e não é que o pré-histórico se rebolou pelo chão a “snifar” o ar! Que raio de coisa!? Será que é por isso que aquela nojeira toda está ali? Isto foi no turno da noite. No turno de dia a coisa foi mais descarada e registei que os mais fieis correligionários sem qualquer parcimónia e com glutonaria: remexeram, rebolaram os inertes presentes como quem andava há procura do elixir da eterna juventude. Tal será a saudade da mamadura depois de 2013. Ou será que andavam á procura do tal livro de actas?



Tenho a dizer que estive duas horas na lixívia. Fui colocado a corar três horas ao sol. E fiz uma lavagem na máquina de lavar roupa. No fim de tudo isto, estou pronto para outro turno. Há coisas que mexem connosco e nos deixam alguma saudade dos amigos que vamos fazendo. Independentemente da hora, do dia e do sítio. Animais civilizados. Animais cultos. Animais - como dizer (!) – animais mesmo.



As fotografias detectadas pelos satélites da NASA. Foram oferecidas ao: "AQUI POIARES".



Prometi. Cumpri.



JORGE GONÇALVES