Vem aí uma estação do ano: o Outono
Depois de uma outra: o Verão
As folhas das árvores não têm dono
Começam a cair uma a uma pelo chão
Tudo o que na vida sobe e cresce
Tem uma época um pleito
Uma imagem de poder que se esmorece
Como uma mãe que amamenta do seu peito.
Mesmo a folha verde ou seca é livre
Até desaparecer como uma miragem
Não importa a sua estatura ou calibre
Que o vento a faça perder a imagem
Um homem, que vive em natureza
Sabe definir o seu espaço e tempo.
Aquele que concebe uma cria sem pureza
Faz um clone… num acto de contratempo
As realidades acontecem naturalmente
Aparecem e definem – se como uma folha
Mesmo que nela haja a sina de quem mente
O vento encarrega – se de a apoiar a uma rolha.
A natureza não se deixa manipular ...
Não se coíbe de repetir quatro estações
Agora aquele que quer ver o mundo girar na sua sombra.
Não sabe ver o sol brincar com a silhueta de uma pomba.
Alberto de Canavezes