Gostava de profetizar o teu corpo em letras
E multiplicar beijos de afectos na tua fronte
Conjugar as vogais com as consoantes abertas
E matar a sede de não te ver em qualquer fonte!
Queria sentir a desnudez da tua alma
Junto de mim no bater do meu coração
Dar – te colo tendo como berço a palma
Que estende os meus dedos da mão!
Sem vergonha percorrer cada esquina do teu corpo
Sem vergonha sentir que estremeço e sou amado
Que quero perder os sentidos e fingir – me morto
Num galopar a dois… em um de mim apaixonado!
Queria percorrer a sete léguas da tua beleza
Disparatar sem pudor e querer… pedir amor
Sem que o caminho me dê como certeza
Fiar num favor e fazer-te dormir no meu suor!
Quem ama não pode viver no preconceito
Deixar que tabus nos oprimam a paixão
Quem ama… tem que sentir algo no peito
Como quem desmaia e se reergue do chão!
Amo. Amo. Amo o feminino no intento
A idade não algema os sentimentos
A idade não traduz que o pensamento
Nos destina ao juízo dos esquecimentos!
ALBERTO DE CANAVEZES