Adoro a noite
O escuro da minha imagem
Gosto de não a ver
Nem por onde anda a sua passagem.
Amo o silêncio
E a tela da sua paisagem
Gosto de cada palavra omitida
Sei que vivo por enquanto
Numa sílaba escondida
Semeada por um canto.
Gosto de meditar
E ver uma frase invertida
Sei que vou vivendo
Em verbos de origem
De uma gramática escondida.
Sei o singular de mim
Num plural de "eu"
Sei regular o fim
Que este poema me deu!
Alberto de Canavezes
(Dedicado aos meus verdadeiros amigos nas horas certas e incertas)