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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

POEMA - Hipérbole.

“Eu sou lindo.


Eu sou belo.


Eu vou indo


Com um pé descalço


Outro com um chinelo!


Tenho que caminhar sorrindo.


Repenicar o nariz, armar o cabelo.


E a escoicinhar e bramir vou fingindo


Que sou sadio. Como fava com farelo.”



“Eu como e não pago ninharia


Falo ao mesmo tempo que mastigo


Ninguém me contradiz


Tão pouco desdiz


Seja de noite ou de dia.


Levanto o dedo


Ficam todos de castigo


Cochicham: o que é que fiz?


- Porque sim… Eu quero… Por medo


Metam todos, já o dedo no nariz.”



Quem manda pode. Quem pode manda.


É como o palhaço de um circo. O pobre.


Que leva dois estalos. Rodopia de banda


E pede mais de joelhos julgando-se nobre.



Veste de bem… Uniformiza-se melhor… Usa fraque…


Escuta Camané. Bebe café. Enamora-se com o fado


Tenta fungar um poema… de desvelo dá um “traque”


Ajeitando o atilho da camisa com ar de um ignorado.


ALBERTO DE CANAVEZES