Acabei presentemente de saber
Que desapareceu a Dona Noémia
Na, mi pátria: Marco de Canavezes.
Quem se adora nunca pode morrer
Enquanto a nossa vez não acontecer.
Era um aditamento da minha mãe…
A morte anda de mão dada comigo
Como uma companheira leal e inútil.
É a vida no seu melhor na parte escrava
Porque desta nenhum foge ou a deprava.
A sua vida foi um raio de presença útil
Ensinou-me o que era ser espontâneo
O que era ser menino na candura de o ser
A minha Governanta partiu eu por cá fiquei…
Ela intimamente está dentro da minha criação
Estou triste… preencho-a na alegria de a amar
Desmesuradamente triste… faço, alar o silêncio.
Desejo chorar. Mas o meu rosto está cansado
Só tolera que os meus olhos dêem uma lágrima
Por cada parte de cada beijo que dei e dela recebi…
A que oração devo recorrer para acalmar o coração!
Meu “Deus”! O que me ensinou e o que aprendi…
Eu queria galgar a distância que me inibe de a ver
Batalho comigo… mas não consigo vencer o meu perder
Faça o que faça, estou mais árido… mas na fonte nobre
Bebi do seu saber imenso. Não a posso acompanhar…
Ao seu último Palácio. Mas para as águas do Rio Tâmega
Da nevoaça que aqui passa vai uma mensagem chegar:
Dona Noémia, minha mãe, quando estiver no seu reino…
As minhas cinzas…vai ver os meus filhos para lá mandar.
Sou um Marcoense com orgulho. Foi a senhora a culpada.
Entre a cidade e a Senhora, qual das duas a mais amada?
ALBERTO DE CANAVEZES