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domingo, 25 de dezembro de 2011

POEMA – Ser meditabundo é ser virgem.

Eu não disse o que disse. Afirmei-o.


Eu não escrevi o que escrevi. Anotei-o.


Eu, não… não, quero ser virgem.


Quero ser um indivíduo. Maluco.


Quero andar entre o papagaio e o cuco.


Sem medos de ameaças ou coisas que frigem


Eu não afirmei o que afirmei. Disse-o.


Eu não anotei o que anotei. Escrevi-o.



Venham cá. E cochichem-me ao ouvido:


- Tu és um doido varrido.


Eu aceito-o.


Não vos desdigo.


Esse será o nosso castigo.


ALBERTO DE CANAVEZES