Eu não disse o que disse. Afirmei-o.
Eu não escrevi o que escrevi. Anotei-o.
Eu, não… não, quero ser virgem.
Quero ser um indivíduo. Maluco.
Quero andar entre o papagaio e o cuco.
Sem medos de ameaças ou coisas que frigem
Eu não afirmei o que afirmei. Disse-o.
Eu não anotei o que anotei. Escrevi-o.
Venham cá. E cochichem-me ao ouvido:
- Tu és um doido varrido.
Eu aceito-o.
Não vos desdigo.
Esse será o nosso castigo.
ALBERTO DE CANAVEZES