Enquanto nesta altura vamos assistindo a iniciativas culturais, características desta época do ano, nos concelhos vizinhos através de colectividades ou grupos que se aguentam ano após ano em actividade, no nosso só presenciamos as iniciativas regimentais. Rubricadas pelo “actor” 37. Não tem conto pelos dedos das mãos, tais acontecimentos, porque também temos que acrescentar todos os dos pés dos pés para lembrar uma ocasião dessas. Em que as sociedades e agregados associativos se fizeram aplaudir. Vivemos num concelho amorfo e atrofiado culturalmente. As suas gentes sofrem de um premeditado alheamento cultural e de análise crítica, porque a cultura é a base de uma cidadania autêntica e de movimentos espontâneos de jovens na procura de recriação artística… E isso nunca lhe interessou. Porque senão não era o “actor” 37 deveria ser o autor já registado na história como o “actor” 24.
Deixou morrer o MOREP – Movimento Recreativo de Poiares. Dinamizava o teatro na Casa do Povo, uma escola de iniciação musical que tinha noventa e dois alunos, suportada por um piano, alguns bombos, ferrinhos e flautas. Possuía uma Secção de Atletismo inscrita no Inatel. A qual nos deu vários títulos regionais, nacionais e internacionais, tanto a titulo individual como colectivo. Mas estas, como outras possuíam identidade própria de livre observação crítica e participativa. Criadas e geradas assim… ficaram, de fora do guião oficial… acabaram despachadas, para uma agonia lenta... Mas na boca do “actor” 37, formam indivíduos que ousam pensar diferente que o fizeram.
Sabia que a 15 de Novembro de 1987 se realizou o “I CROSS DO ESPADANAL”, com cariz nacional, realizado pelo MOREP? Certamente que não. Caso tenha dúvidas mostro-lhe um papel quadriculado que escrevemos demonstrando a indignação pelo facto de ter faltado a uma reunião que tinha marcado connosco… e no qual escreveu a resposta que nos fez chegar por um funcionário da Câmara, que continha, qualquer coisa como isto: - “…não tenho… tempo, para perder com um grupo de fedelhos…”.
Obviamente que existem Ranchos, um Grupo de Expressão Corporal… … mas não com os condimentos adequados a sobreviverem no tempo. Todos eles estendem a mão ao “actor” 37. Possuem Direcções de gente honesta, abnegada mas que estão manietadas porque são obrigadas a ir ao beija-mão, para sobreviverem. O “actor” 37 fez e continua a fazer do Concelho de Vila Nova de Poiares um argumento inculto, desprovido de iniciativas individuais e colectivas, porque em tudo quer meter o nariz. Só meia dúzia de apaniguados são os manufactureiros da sua cultura aristocrática. Que se resume à espampanante Confraria da Chanfana. Que volta e meia, convida um sublimado para vender umas postas de pescadas em jantares no Restaurante “O Confrade” que cada presente paga por 25 euros. Somos um povo votado ao tosco, com “conventos” construídos para as moscas se recriarem; teias de aranha bordarem “redes”; ratos roerem os estofos dos bancos, em suma, para todos meditarem. Menos para nós cidadãos para as nossas iniciativas… Pagamos impostos para toda esta intrujice intelectual, recreativa e cultural. Isto são pior que as obras de Mussolini; Franco e Pinochet para demonstrar o facho da ditadura política. Obra para turista ver, e para outros Grupos de Teatro, Grupos Corais, Orquestras… provindos doutras latitudes calcarem, digerir, degustar e apelidarem de soberbas para o “actor” 37, encher o seu endeusamento histérico, epidémico, e eufémico. Demonstram a sua arte a auferirem dinheiro. E na vontade do soluço existem mais convites para actuações É inusitado dizerem que isto não é verdade. Se fosse para uma visão ideológica de fomentar e implementar opções na nossa massa criativa. No meu ponto de vista valia a pena. Agora só para entreter, modificar os bichos residentes e arejar o espaço. Isso chama-se aquilo que se deseja a um actor verdadeiro quando entra em palco pela primeira vez “… muita merda”.
Viver em Vila Nova de Poiares culturalmente, é como fazer uma viagem para o pólo norte com roupa de verão e ir agora para um deserto árido e quente festejar o Natal com roupa de inverno, mas em ambas viagens descalços.
Depois vivemos de convulsões “doutas” e jogo jogado do “actor” 37, dependendo de quem estiver na cabeça do leme das Instituições. Ora agora avanças tu, ora agora recuas tu e vice-versa. Vejamos quantos Centros de Convívios temos e quantos possuem vida própria. Digo vida própria. Com actividades. Raras excepções. Raras excepções…
JORGE GONÇALVES