Um virar de página.
Acabaram vários tempos de antena…
Agora, olho para trás e vejo um caminho de quase cinquenta anos. Orgulho-me do meu preito na causa pública, do meu amar a Cidadania como algo que me alimenta a alma. Com calma… se houver alguém que me queira perguntar por cada um dos meus anos, se os considero: - insanos, profanos, profícuos ou encíclicos!? Responderei, uma mescla de tudo. Tenho passados que partilhei em comum, que não os nego, nem os abjuro. Contudo, os vivi. Por todos os meus actos sou responsável. E co-responsável daqueles que partilhei. No entanto algo denuncia em mim que admiro todos os meus actos, porque os fiz na intensidade de os viver entre as minhas convicções e contradições. Nos acertos e erros. Aprendi a amar a pessoa que sou, porque sempre escolhi os momentos e acontecimentos que preconizei e partilhei sem premissas nem preconceitos. Vivo a vida preparado para o seu acto mais sublime: a morte. Um homem que não sabe morrer por um ideal é um cobarde. Vivo intensamente o que faço, porque me recuso ter nascido só para morrer. Simplesmente advim de um nada, puramente quero absorver o tudo da minha presença. Sou um projecto de consanguinidade e arrebatamento. Corpo e alma.
Estou insolvente na substância presencial. Por pouco tempo. Haja coração… palavra e afectos. Que eu tudo farei para honrar o nome de meu pai. De seu apelido Gonçalves.
Se o não conseguir não será por não ter vontade… A honra não se vende. Já ma quiseram comprar e roubar. Ando nas bocas do mundo. Se o ando, são nas vertentes da vida: para o bem e para o mal. Mas pelos meus erros, pago-os eu, com o meu suor, lágrimas e sangue. Não fujo. Não mudo de lugar. Não instrumentalizo ninguém para alcançar os meus fins e afins.
Com a serenidade, se continuar a viver pretendo coabitar na descoberta dos versículos de todos os lidos Sagrados e todas as Pranchas da fraternidade e filosóficas… “baseada no livre pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista á edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária”.
Na pureza dos seus rituais. Na candura da sua arte. Na beleza intimista de sermos iguais na diferença e na diferença iguais.
Hoje estou diferente. E sempre serei igual. Sou eu em mim. Se existo, penso. Se penso existo. E nestas trivialidades faço e farei a minha história, numa história comum…
O meu contributo para o embrião de Poiares na Cidadania está feito. O seu nascer está prestes a fulgir… e depois será o que uma mulher e homem quiserem, no plural de Vila Nova de Poiares.
ALBERTO DE CANAVEZES/ JORGE GONÇALVES