Eu sou o tudo e o nada
O pouco que de um bastante
É coisa nenhuma.
Eu estou na míngua herdada
Da fraqueza da força inusitada.
Eu sou o tudo e o nada
O louco que de um instante
É loisa alguma…
Eu vou de língua afiada
Da franqueza da orça julgada!
Para muitos, eu sou um, merdas
Um naco de lixo.
Um passador de mistelas e ervas
Verbais sem siso...
Um tipo sem sabor, dom e regras.
As quais tem riso.
Não vivo no céu, nem perto do paraíso
São o recibo de um réu, de que preciso.
O deus do deus, menor "um endeusado"
Que de um outro, tem que ter cuidado.
Atirem-me pérolas.
Arremessem-me bolotas
Agarrem-me em bétulas.
Não fujam das minhas botas…
Cobardes… tristes abéculas
Venham ter comigo, que eu não vos sigo
Eu estou sozinho, quero libar um vizinho...
ALBERTO DE CANAVEZES