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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

POEMA - ... Um beco na tua rua.

Abri o livro do teu corpo só nas páginas ímpares


Desfolhei… Desfolhei e não descobri o teu alento


Empreendi desfolhar o teu ser nas páginas pares


E o teu corpo perdurou sem nada no meu tempo.



Desferrolhei de novo, página a página. Pares e ímpares


Comecei a ler a frente e as tuas costas. Em duas voltas


Compreendi olhar o teu ser completo. Amar no amares


E em nós desatares a tua caligrafia e promessas soltas.



Senti enigmas. Quimeras. Atarantei a escrever enganos


Esqueci-me de todos os verbos, de qualquer sensaboria


Que apaga-se o teu paladar e todo o defume de insanos


Desatei que ao pé de ti, alguma sabedoria me enganaria.



Se eu sou eu! E tu és tu! Se junto somos dois na leitura


Quem te escreveu, deixou-me sentir um beco na tua rua.


ALBERTO DE CANAVEZES