Abri o livro do teu corpo só nas páginas ímpares
Desfolhei… Desfolhei e não descobri o teu alento
Empreendi desfolhar o teu ser nas páginas pares
E o teu corpo perdurou sem nada no meu tempo.
Desferrolhei de novo, página a página. Pares e ímpares
Comecei a ler a frente e as tuas costas. Em duas voltas
Compreendi olhar o teu ser completo. Amar no amares
E em nós desatares a tua caligrafia e promessas soltas.
Senti enigmas. Quimeras. Atarantei a escrever enganos
Esqueci-me de todos os verbos, de qualquer sensaboria
Que apaga-se o teu paladar e todo o defume de insanos
Desatei que ao pé de ti, alguma sabedoria me enganaria.
Se eu sou eu! E tu és tu! Se junto somos dois na leitura
Quem te escreveu, deixou-me sentir um beco na tua rua.
ALBERTO DE CANAVEZES