Eu por tudo e por ninharia… sou piegas.
Andam a jogar comigo às cobras-cegas.
Sou escravo de meia dúzia… de escroques
Daqueles que revoltam “e não me toques”.
Sou servicinho e escravo de uma trupe de gatunos
São um rebanho oriundo da fiada dos maus alunos.
Eu por tudo e por ninharia… sou piegas.
Sinto que me vão à algibeira nas trevas.
Ando quase farto e apeado de berloques
Faço-me de alheio e de outros amoques.
Era da classe média, agora sou adorno de gestores
Um número numa folha de impresso para traidores.
E por tudo e por ninharia… sou piegas.
Paro, escuto e olho e não bufo.
Arrufo.
Escuto, olho e paro e não chucho.
Trunfo.
Olho, paro e escuto e não zaguncho.
Amputo.
E vem um bestunto de um coelho de cabaré.
“Anda lá pá. O castigo é até morreres de pé”.
ALBERTO DE CANAVEZES