Meu amor
hoje tenho frio
sinto-me sozinho.
E só nele
sou uma gota num rio.
Estou aconchegado
sem o ter como vizinho
desmaio…
aguento firme
e não resisto
a este padecer.
A este laço amargurado
onde entro e saio
na loucura de ser
sempre o meu passado.
Amo-te
assim como quem tem uma birra
como quem degusta
um aroma no ar perdido.
como quem apanha
uma corrente de ar
e espirra.
Nada me acirra
tanto como tu.
Odeio esta mania
de ser todo teu
sem te dizer um só dia
que a tua teimosia
é uma dor
alegre
no reino da alegria.
Que falta de ar
que imensa gaguez
a minha…
queria fazer-te queixumes
dizer mal de ti.
Mas se o faço
deixo de me respirar
e se ficar perdido
não me voltarei
a encontrar.
Nesta lamúria e plangor
o que te dizer mais
meu amor!
ALBERTO DE CANAVEZES