Estive á espera de acontecimentos pessoais… mas esses momentos para tal não aconteceram. O tempo ficou circunspecto. Em meu redor tinha-se acocorado um andante que me decepcionou e bastante. Para mais não mudei de ideias nem tão pouco de propósitos. Sou um homem de convicções, para o bem e para o mal. Não me destituo de opinar para agradar a quem quer que seja. Adoro o contraditório. A análise critica. A propositura da obediência intelectual no converso de caminhos para a razão e liberdade em prol da cidadania do ser humano.
Não tenho medo de nada nem de ninguém. Temo algo que me transcende… isso sim. Agora, isso de ter pavor… só de mim… Não tenho por cá grandes amigos – na acepção do termo e interpretação da palavra - esses diluíram-se na minha mocidade no deambular dos tempos. Não possuo por cá ninguém que crescesse comigo, nas diabruras da meninice. Os que se dizem disso são pessoas que meramente se relacionam comigo. Muitos respeitam-me e são autênticos. Outros, uns hipócritas. Fingidos e falsos. Uns quando necessitaram de mim absorveram-me todo – sem decifrar os meus defeitos e virtudes – agora mais tranquilos no respirar, afoitos e com mais tempo para outras coisas, são os primeiros a “atirar-me a primeira pedra”. Existem alguns, como meninos mimados que queriam ter o que eu tinha e fazer o que fazia… cinismos e invejas, que o meu amigo tempo divulgará por mim…
Tenho um passado na causa pública, que me honra, do qual me orgulho, ao qual me dediquei com alma e coração. Vivi essa solicitude até ao profundo das minhas entranhas.
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E surge o meu tempo de agora. No qual alguns episódios perpetrados por mim menos conseguidos e “tipo bola de neve”, agudizaram a minha figura. Outro demais, porque não abdico da minha cidadania e sem olhar a barrigas de gravidez – denuncio como subservientes – a uma vontade em detrimento de uma causa. Aborrecem-se comigo…. Diferentes, porque preconizam a sustentabilidade deste sorvedouro de castração do que uma República proclama como práxis do seu mais teórico sonho e génese, “todos somos iguais, todos temos os meus direitos…” esses, porque são da ”vontade” usufruem mais e melhor do gregário público do que nós e os nossos filhos. Chamam-me lírico. Depois uns, como possuem ostentação económica sentem-se muito inteligentes, juízes de caracter, lindos, imaculados, esbeltos, charmosos e crentes num deus, no qual perante o altar ao sétimo dia da criação, vão tomar banho dos seus pecados, esmolam bem esmolado tal facto e depois surgem afoitos para outra remontada de “venha a nós o vosso reino, seja feita a minha vontade”… Desdizem – me fora da Graça do Redentor. Aqueloutros estão como eu, na lama, mas como circundam nela de fraque marca “Sim Senhor” e eu de calças rotas negociadas numa tenda de feira, enlameiam-me ainda mais… Rotulam-me de “nojo sujo”. Uns tantos, sabem mais da minha vida do que eu. Votam palavras na minha boca que nunca as proferi, actos nos meus braços que nunca os efectuei e passos nas minhas pernas que nunca foram percorridos. Ousam, querer-me supostamente perguntar, “isto e aquilo”, mas “cintilante-mentem”, formalizam a resposta sem me ouvir. Ora, quem se diz meu amigo, viria perguntar-me olhos nos olhos… mas quantos o fazem!? É a velha historieta de se ter telhados de vidro… porque será? Aqueles por lá esbarram-me de impropérios, de substantivos, de pronomes e de adjectivos, depois pesarosamente metem beicinho, com uma lagrima no canto do olho, e choramingam “celestialidades” angelicais, quando os submeto a engolir em seco. E confesso, lhes dou algum troco, pouco. Cêntimos, não tenho mais e eram meus.
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E assim neste fado pouco trinado e melódico vou vivendo. Assarapantado pelas ruas, mas vou deambulando. Estou enrascado, muito. Vou tentado fazer prevalecer assumir as minhas dívidas com dinheiro vivo, não com facturas e recibos contrafeitos ou com o “doar” dos outros… Mas vou conseguir podem crer.
Sei muito de História Universal, de Portugal e de outras latitudes… ela é rica em provas e testemunhos. Quem o não sabe que ela o sabe!?
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Como já por várias vezes disse, não gosto de ver chover no molhado... vou procurar outros aguaceiros. No meu guarda-chuva só acoito a minha sombra. E como companhia ou procuro o sol ou o luar como alternativa. Sou pouco dado a Fevereiros, tanto que suporto bem sextas-feiras, dia treze.
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Aguardo pelo emparcelar das tropas leais… e pelos afoitos do pelotão da antítese espalhados pelas trincheiras, desgarrados. Para serem escolhidos... Entre tiros de pólvora seca, tenho a certeza que era capaz de acertar nalguns melros pelo teatro de operações. Sem descreminações, como "compincha" de todos. Ou como opção mais certa, virarei as costas a este percurso da história! A paisagem tem outras vistas e corpo humano tem mais olhos…
Como me dizia “há” tempos um pirralho: - “… não te metas comigo que eu sou muito bruto.” Faço dele as minhas palavras. Mas também é verdade que me deu um enorme abraço e um grande afago na careca, depois. Por isso, quero crer que muitas das vezes as palavras não se levam às consequências, quando as pessoas denotam muito juizinho e enorme simpatia. Foi o que eu fiz. Não fosse o pirralho, mudar de opinião.
ALBERTO DE CANAVEZES