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domingo, 3 de junho de 2012

A PELINTRA FINTA DE UM vírus...

Que confusão. Que grande azafama. Acometido de um ficheiro cheio de vírus e de um “bloqueio” – está na moda os bloqueios – estive na corda bamba. Abri uma pasta (como quem espreita de uma janela com curiosidade) e foi ver… espraiarem-se multidões de números e letras por milésimos de segundo pelo monitor que o fez ter uma “tez” esquisita… como quem atira o fruto dos sobreiros a porcos. Ficou escuro... houve sufocos… ouve murmúrios de alguma “estúrdia”.  
Inibido dos meus computadores – empestados de maleitas – e escasso daquilo que se compra os melões, restou-me imensas preocupações. O resgate das máquinas foi uma enorme dor de cabeça. Perdi inúmeras etapas da minha vida colocadas nas memórias dos “bichos”. Cópias de segurança! Viram-nas?  
Tenho uma parte estúpida muito evoluída, ingénua e que intrinsecamente faz parte de mim como uma alma gémea. Tenho a noção que sou culto, rebocado a tosco… e rebuscado em mestrado. Alimento em bruto, muito do meu intelecto. É deveras insaciável e faminto. Tenho brios. Cultivo o perfeccionismo como uma mudança quotidiana assídua e permanentemente constante. Fazer por fazer para mim não chega. Tem que ter empenho. Ter dedicação. Ter paixão. Possuir muito amor. Possuir muito prazer. Gozar na feitura de orgasmos de nexos pragmáticos e sexos prazenteiros. Vivo intensamente o que faço. Recuso-me ter nascido só para morrer… Idolatro a morte como uma circunstância da vida - ao seu tempo. Quero ser velhinho. Cair de maduro.
… … … …
(Perdi os meus poemas. Os meus livros. (?) Perdi-me no meio de um nada e de um muito do mesmo. Anos de ilusões e muitas realidades vinculadas aos meus cabelos brancos esfumaram-se, antes das minhas cinzas. Estou desolado. Falido… Perdido. Sem identidade intelectual… Parei no tempo. Comecei uma nova ordem… Não sei se desista se teime! Esmolei o resgatar dos meus computadores. Sinto-me uma matéria sem forma nem cheiro… Definitivamente, sou um solitário. As pragas fecundam-me… a inveja assola-me e o cinismo de uns, tempera-me. Palmas para os diabos que me alimentam de azares, assobios para o meu anjo da guarda. Sou alguém denominado de “estúpido”, chamado de Jorge Alberto. Viva a vida dos hipócritas. Abaixo o lirismo da ingenuidade e os “eus” do meu, eu. Estou cansado. Imensamente cansado e desiludido.
Desfruta da minha angústia sem o retorno da mágoa. Fica em silêncio no barulho imenso do meu silêncio. É, foi um desabafo triste. Imensamente triste, só isso.) Mensagem enviada para … “pedaços de mim”.
Uma deferência para a Joana Raquel, a Cláudia Rafaela, a Jani e para a Lucinda. Que me proporcionaram algo mais que o alento… E para os outros do meu catálogo de “Bem-Querer” – conquanto (uns) não me viram desorganizado espalhado pelo meu meio século de vida, como um puzzle esparso pelo chão – que por telepatia criaram-me, certamente fluidos de resistência.  
Sou um livro aberto. Uma alma repleta de letras. Amiúdas vezes na procura da sintaxe gramatical dos detalhes das frases que edificaram: o quem sou, o que faço aqui, no dicionário da minha calvície e rugas.
O côncavo e convexo do tempo a sua incongruência e convergência fazem deste excerto textual uma sinopse anímica, para que, quem me ama, estude e decifre o quanto sou frágil e para os que estão nos seus antípodas, testemunharem o seu inverso.
Acalento que exista uma cópia algures dos meus perdidos… que até ao acontecimento do “atentado” - os tinha por achados.
Será que está na epígrafe que acolhe os meus “devaneios” (?).
ALBERTO DE CANAVEZES