O céu vestiu-se a rigor…
choveu…
e o tempo chorou por mim.
Sem nenhum favor…
como que a assim…
o chovido fosse a dor.
O seu a seu dono.
A mim
o meu abandono
no sonho
do meu sono.
A, ti mulher…
Tu que nunca és feia
“Que és pau para toda a colher”
e que do nada
abastas a pobreza
que preparas a sua ceia
com as tuas mãos
de enorme espaço…
Embala-me…
Ralha comigo…
Envolve-me no teu regaço.
Balança-me…
Coloca-me de castigo…
Enleia-me
no teu mar
de bonança e ondulações …
Penteia-me
no teu amar
de fábulas e paixões…
Entre o rol
do meu abraço…
Tu que és o meu sol
e um raio de tudo
move-me como os ventos
faz-me ser o teu aconchego.
Conta-me histórias
faz-me sentir pavor do medo
que afoite o meu corpo ao teu.
ALBERTO DE CANAVEZES