Num destes dias abordei um indivíduo que sé dá ao luxo de viver a vida dele e a dos outros. Neste caso a minha. Acerquei-me dele e perguntei-lhe:
- Por favor é capaz de me dizer o que é que eu fiz ontem, que é para actualizar o meu curriculum
Respondeu-me: O quê. Não percebi?
- Não percebeu! Eu penso que me entendeu muito bem. Como gosta de dar palpites sobre a vida dos outros e fazer prognósticos, antes dos acontecimentos, serem passeados e consumidos, rogo-lhe o obséquio de me informar do que fiz ontem, para não contradizer os factos da sua história.
Aflito, e enrubesço como um tomate bem maduro, ficou completamente manietado e comprometido. Nada me disse. Como nada me endossou para a actualização do meu almanaque pessoal, fiz-me afoito. Deveras aborrecido com este escroque dos passeios da rua e passeatas da beatice boateira, apontei-lhe o dedo ao nariz, redarguindo.
- Limite-se a viver a sua miserável vidinha, e a não invadir a privacidade dos outros. Se pensa que é o arauto de boas novas sobre os outros – neste caso eu – não pense que não sei boas velhas do senhor. Aliás, sei-as pelos seus amiguinhos para os quais desabafa sobre mim. Não que as queira ouvir, mas porque se ouvem no assombramento do indistinto figurão que confecciona. Mete comiseração saber, que não se enxerga nem se dá ao respeito. O senhor faz-me lembrar uma abóbora. Ocupa mais espaço, que tem de presença de conteúdo. Faz-me rememorar aqueles que usam valentes marcas de roupas, julgando com isso dar aleitamento ao seu parco reduto de personalidade. Dê-se ao respeito para ser respeitado.
Encavacado e bem alimentado no seu tomo cognitivo, tentou esboçar algo que supus ser para sua defesa… Retirei-me com um: - passe bem.
Estas terras dadas ao tosco, alguns agentes do sistema vigente, dão-se ao desplante de formigar intrigas e arquitectar patranhas para de uma mentira repetidas muitas vezes, estabelecer a verdade. No lado oposto, alguns oponentes, fazem o contra-ciclo, ou seja não lhe restando a verdade ornamentam-na com guarnecimentos de intrujices.
Haja paciência. E um caldito de vergonha.
GRATOS.
ALBERTO DE CANAVEZES