Quedo-me ao pé da minha sombra
Reparo em algo que aparte de mim
Que adeja nas asas de uma pomba
E que no partir já é dado a um fim.
Existem eternidades, horas e tempos
Que a morte nos trás vida e silêncios.
Existem eras, desforras e momentos
Que açoitam chamas a uivar incensos.
Eu procuro-me a olhar em redor sem nada ver
E tenho que do muito que desejo o descubro.
Distante fica o meu traslado de perto o saber
Na fineza do manto que me destapo e cubro.
Que nos tempos que se passaram e nos que onde vir
Eu pretendo-me convencer sem nunca me persuadir.
ALBERTO DE CANAVEZES