Recantos
Pelos quatro recantos do mundo
Falam Camões; Cantam Amália
Dá -se poesia em Pessoa
Agasalham saudade com cal
Merendam sardinha, tendo broa
Quando viajo nas nuvens do céu
Ao encontro da língua, um irmão
Ouço fandango, vira e malhão
Cravo uma bandeira no chapéu
E levo o hino no coração
Em cada onda do oceano
Existe sabor a caravelas
Força ousada dum lusitano
Historietas de ninfas belas
Em casa, ninho dos meus retratos
Ancora, meu cais, ou fora dela
Desato a alma da janela
Miro a lua, o mesmo homem
Alquebrado com silvas às costas
Julgo – me o porteiro do mundo
Ver Portugal em todas as portas.
Alberto de Canavezes