REFLEXOS DE MIM
Olhando olho o espelho do quarto
Contemplei um perfeito amigo
Druida que jamais dá conversa
Esconde – se quando me desvio
Plagia gestos, arfa lábios
Vive me mim, porto de abrigo
Apronto-me, abalo de casa
Imagino eu, que me abraça
Escolta – me deitado no chão
Por qualquer ruela, quina…praça
Seduz – me com motins o coração
Dá de âncora, afago… asa
Induzo que será meu ancião
Um dos seus descendentes, meu autor
Alma do mesmo fole: coração
Levedado por afectos, amor.
Detenho-me, escuto e olho
Esquadrinho tudo em meu redor
Almejo um punhado de rugas
Cabelos melancólicos sem fim
Palpito sem dúvidas ou fugas:
- Existirem silhuetas em mim.
Alberto de Canavezes