Trago comigo… agasalhado
Um símbolo de água e pão.
Numa vontade de ser… útil.
Aprendi amar o seu galope
Entre os pisos e pó do chão
Ao ritmo da alma e coração.
Idolatro… a arte, deste arado
De retalhar do tempo… novas
Soltar rugas, de nada ser fútil
Acordar recatos num envelope
Semeando ânsias e manobras
De mover o mundo em obras.
Carteiro é ser como a formiga
Acarretar novas, abonar ilusão
Apinhar os olhares de celeiros
De farinhas… e de uma espiga
Em que desfolhada dá abraço
E rosas, caídas de um regaço.
Bom dia, como está Dona Maria?
Olá, boa tarde… José de Nazaré!
Eu amparo a claridade de um dia
Numa rota sem astros mas de fé
Em aproximar o longínquo perto,
Num símbolo de elegância aberto.
Boas novas. Tristes sinas e fado
Fortes incómodos…e fidelidades
São, pregões de hoje e passado
Que cavalgam gerações e idades.
Do eu… acabo por de ser família
De todos os aliados do dia-a-dia.
Ser Carteiro é criatura confidente
De muitos ais. E choros amargos.
Ser carteiro é abreviatura. Gente.
De muitas alegrias e dons largos
Ser Carteiro é um tempo vestido
De bonança e temporal aquecido.
ALBERTO DE CANAVEZES