Hoje debulhei uma pedra apática da calçada
Arrancada pelo meu andar pesaroso e triste.
Derrubado e dolente, procurei o seu lugar no chão
Vi um buraco entre outras tantas colocadas com a mão.
Baixei-me, revirei a laje, e como denúncia de dedo em riste
Apontei o seu sítio. O seu lado… mesmo na berma da estrada.
Coloquei-a no seu lugar e carinhosamente com o pé a calquei
Como quem acaricia uma flor, pondero que senti que a beijei!
A dor da minha sina é uma dor intensa e pundonorosa
Como que contempla uma rosa, e a conjecture pungente.
É como um retiro. Um gueto. Aonde estou eu e um deserto
E ver um multidão de animais… e conhecimento que sou gente.
Um breve desabafo. Um devagar desalento. Uma página morosa.
Que de vogais e de consoantes, construa uma frase que translade
Que eu estou paliativo comigo e que na rua tenho de fado a verdade.
ALBERTO DE CANAVEZES