No meu blogue escrevo a minha opinião, sem o pretexto de me destituir das minhas convicções, para agradar a gregos ou troianos ou ser politicamente correcto. Nessa validação de princípio, apraz-me escrever:
Confesso que cada vez mais me distancio da Religião Católica. É a pedofilia e a ligeireza como é tratada. É a submissão ao poder económico. É o celibato. É a reforma doirada de alguns sotainas. Um padre renuncia aos bens terrenos. É a gula e o venha a nós de alguns acólitos. É o preservativo, rejeitado. É o render de armas ao poder instituído. Em suma, uma panóplia de aleivosias. O mesmo é dizer “bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz”. A sensação que nutro é que alguns só vão à missa como quem vai para debaixo do chuveiro. Vão lavar os ditos pecados, para outra semanada de mais do mesmo.
Não confio na sua voz. Acredito na mensagem de Jesus. E ele teve a audácia de expulsar os “vendilhões do Templo Sagrado”.
Não coloco Fátima em causa. Não tenho discernimento nem a afoiteza de julgar “milagres”, sentimentos e devoções. Não entro por aí. Agora coloco em causa todo o mercantilismo que a circunda. Muita gente sem cuidados de cidadania e sociabilidade, negoceiam artefactos alusivos à Fé sem pudor nem respeito pelo autêntico pranto de quem quer gerir a expressão da sua alma no campo do divino. Se é de Fé que estamos a tratar e lidar, para mim não faz sentido a negociata feita por pessoas alheias ao seu catecismo. Fico todo desconchavado, quando presencio a enorme Irmandade na Fé de milhares de Peregrinos - vou até às lagrimas e suspiros – mas seria intolerante comigo mesmo, senão expressasse o quanto me repugna a ideia de saber e ver tais ocorrências. Fátima transmite-me, calma, paz de espirito, sensatez, algo que me transcende e acutilância na interpretação da nossa fragilidade. Respeito muito isso. No entanto não corroboro de tal empreendimento materialista.
Descubro imensas pessoas íntegras e honestas. Inúmeras, as quais nestes momentos difíceis que vivemos doam o melhor de si para minimizarem impactos sociais deveras negativos, que atormentam muitos dos nossos cidadãos. Outrossim, digo da solidariedade que me confortam. Sem dúvidas nenhumas. Mas esta Igreja não possui dos seus responsáveis uma praxis a acompanhar os tempos contemporâneos. A fé é-nos muitas das vezes exposta por metáforas, sem que isso nos ouse pedir que se desvirtue a sua interpretação. Conquanto – em minha opinião – urge reformular conservadorismos sem nexo ou contexto. Alguns mencionados neste texto, no seu proémio.
ALBERTO DE CANAVEZES