Tem um espelho normal preso ao móvel de lenha
Quem usa destas mordomias são ricos de gravata
Para ter o meu tive numa fila depois de tirar senha
Conheço um mamarracho na freguesia do capacho
Taxado de espelho de prata mas alguém o coloriu
Que serviu de tacho para uns e outros de escacho
Foi aborto parido nado. Foi feto nascido que floriu.
Nasceu cor-de-rosa, bailou de garra em gadanha.
Estancou! Ouve trocas e baldrocas, até escrituras
Passou do jogo da macaca para a apanha /apanha
E uns que ficaram com dinheiro a arderem às urras.
Que banco deu aval a tal assento? Qual a sua conta.
Quem ficou sem o lugar? Para outros se sentarem?
A música da dança de mão em mão que desponta
É que uns ficaram a mamar outros a praguejarem!
Quem é o dono do dono que o fez de um albergue
Para mosquito entrar e as paredes se enferrujarem
Quem será o joão-pestana do sonho que o entregue
Aos que primeiro o assinalaram sem nele entrarem!?
Aquela obra de arte é de quem? Não tem autor nem madre!
Que fraude ouve no seu desmando de brincadeira?
É o jogo da macaca ou da apanha /apanha de quem ladre!
Datem – me a regra que o ergueu ou qual a cadeira
Que serviu para tirar o espelho partir o vidro e levar a prata
E qual a roupa vestida para não mostrarem a tinhosa rata!?
Ali existe um quê de esquisito. Pede pergunta!
Parece um bairro devoluto de imensas barracas
Será que tanta gente que por lá andou tão junta
Não deixaram estampas digitais para a resposta?
Lá andam morcegos e vampiros a luz é sombria
São hóspedes fora da lei e com a cabeça exposta
Quando será que alguém aclare a certeza um dia!
Eu sei de muitas versões mas cedo esta proposta.
ALBERTO DE CANAVEZES