Sim. Sou um poeta de mão cheia.
Diz-me Cunhado. Diz-me irmão…
- Sou, ou não sou um poeta?
- Sei, ou não sei inventar?
- Sei ser gente e menino!
Sim. Sou um poeta de mão cheia.
Eu sei meu Pai. Eu vi os teus ossos…
Peguei neles. Senti os teus abraços…
Sou um homem peregrino
Não uso a tuas botas
Mas usos os meus sapatos
Nos teus passos…
E em cada pé uma meia.
Num uivar de lua cheia.
Rústicos e rústicas…
Com as vossas vestes e túnicas
Vão às bruxas.
Fiéis amigas…
Elas não me fazem mal
Porque as suas razões
Não são as mascaras
Que certas bestas
Usam no carnaval…
Sou eu em mim.
Amada Mãe.
Não tenhas medo.
Reza ao teu Deus
Eu digo ao meu Jesus
Qual o nosso segredo…
ALBERTO DE CANAVEZES