Que olhar o teu, meu amor
esbateu no meu olhar triste.
Que olhar o nosso magoado
sofre tanta dor e resiste!
Olha-me com olhar cuidado
pernoita-me no teu sabor.
Meu amor, que olhar o teu
triste olhar no meu esbateu.
Que magoado o nosso olhar
resiste e tanta dor sente!
Cinge-me com ar sufocado
embala-me no teu calor.
Dá-me o teu peito aos lábios
cobre-me de cio e luares.
Quedar-me-ei como os sábios
no achar de ti, dos teus lugares.
Quero-te sentir nua vestida de mim
quero-te ouvir na rua descalçada
quero-te pedir a tua alma sem fim
quero-te atrair para a lua
quero-te cingir pela alvorada
sem nunca te deixar de nós fugir.
ALBERTO DE CANAVEZES