Não olhes para mim, assim… olha-me de outra maneira.
Procura achar o momento que o nosso olhar se perdeu
e não me enganes com o pestanejar das tuas promessas
incendeia em nós o fogo que não arde porque já ardeu
e ilumina a nossa gesta e deleite de candeias às avessas.
Podíamos pernoitar num povoado sem chão nem Olimpo
percorrer montanhas de planaltos, serranias,lezírias e rios
e ambos morrer de fomes de amores e de carinhos únicos
como reaparecer de marés de ventos cálidos e muito frios.
Fala-me do ontem e do mesmo tempo que por nós passou
navega em mim como uma caravela sem âncora em deriva
afoga-me no teu caderno de ideias e folhas que ele rasgou
porque entre qualquer palavra açoitada alguma nos abriga.
ALBERTO DE CANAVEZES