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sábado, 24 de março de 2012

POEMA - A tua sede.

Tenho sede de ser água para matar a tua sede


Regar os meus olhos de gotas de chuva.


Amar-te


Abraçar-te


Beijar-te


Enamorar-me de nós num cálice de sumo de uva


Embriagar-me do teu suor


E nele celebrar o nosso amor.




Acordei deste idílico sonho


Entre roupas pelo chão e um ar vadio


Senti maresias de serra


Almas desabrigadas sem terra


Demais orgasmos entre um gemido sadio


Cheirei o teu corpo


Fluía um aroma a medronho



Eu sonho


Continuo a sonhar


Quimeras de dois corpos nus


Envoltos em madrugadas


Madrigais…


De nevoeiros de um nevoeiro


Perdido no meio de orvalhos


E escondido das nevoas


Levado nos bicos dos pardais.




Sou um escravo da tua sombra


Só me retiro de ti


Quando me mexo e agito


No esvoaçar de uma pomba


Eu chamo-te eu grito


Eu desejo-te


Anda amor


Sabes


Tenho sede de ser água para matar a tua sede


ALBERTO DE CANAVEZES