Tenho sede de ser água para matar a tua sede
Regar os meus olhos de gotas de chuva.
Amar-te
Abraçar-te
Beijar-te
Enamorar-me de nós num cálice de sumo de uva
Embriagar-me do teu suor
E nele celebrar o nosso amor.
Acordei deste idílico sonho
Entre roupas pelo chão e um ar vadio
Senti maresias de serra
Almas desabrigadas sem terra
Demais orgasmos entre um gemido sadio
Cheirei o teu corpo
Fluía um aroma a medronho
Eu sonho
Continuo a sonhar
Quimeras de dois corpos nus
Envoltos em madrugadas
Madrigais…
De nevoeiros de um nevoeiro
Perdido no meio de orvalhos
E escondido das nevoas
Levado nos bicos dos pardais.
Sou um escravo da tua sombra
Só me retiro de ti
Quando me mexo e agito
No esvoaçar de uma pomba
Eu chamo-te eu grito
Eu desejo-te
Anda amor
Sabes
Tenho sede de ser água para matar a tua sede
ALBERTO DE CANAVEZES