A velhice é demais.
È mais que tudo
muita juventude reunida.
É o certificar uma longa temporada
que se efectua pela vida.
No palmilhar de tanta estrada
só existe um caminho sem fugida
viva-se no raiar da sua alvorada
o prelúdio de sempre começar
o fim mais perto da partida.
Ser velho
é ser eternamente jovem
é teimar viver
suavemente
nuns braços ocultos que nos acolhem.
Ser velho
é ter nuvens nos dedos que nos chovem
cócegas de enleios e afectos
que nos bafejam e explodem
com afagos de semblantes bem abertos.
Ser velho
é ser a minha mãe
numa ruga (e cabelo alvo)
que se rasga no meu rosto
que resguardo
no nascente do poente posto
e do seu amor
a salvo.
ALBERTO DE CANAVEZES