Vivo num concelho:
Que não tem cabimento para ter dezoito buracos num campo de golfe. Existia espaço no papel e vontade de o arrear no terreno. Isso havia. Deslumbra-se no horizonte – agora - umas caravanas ao lado de um lago artificial de água seca. Informação, na sua componente teórica bem borrifada. Cheia de muita água, mesmo. Tal prometedor teve o cuidado de arregaçar as calças.
Que tem – tinha – virtualmente um Pavilhão Multiusos. Que se esgadanhou tanto na terra e nada. Só poeira… Aquém o “anfiteatro” dos velhos ou além velhos?
Que possui um Parque de Campismo e uma Praia Fluvial em intentos de fantasmagorias. Porque se teme nudismo nu e cru e o pudor é tanto que se aguarda primeiro que se abra o concurso para regular os fatos de banhos a utilizar. O traje é tipo a veste muçulmana feminina “Burca”, menos tecido que isso é eliminado. Existe uma excepção os homens podem usar suspensórios por causa das partes pudicas.
Que desde tempos imemoráveis pega o boi preto pelos cornos e os "esforçados" desmaiam assentados no sofá a ver sangue vermelho vivo a escorrer do “bicho” numa TV a preto e branco. Falamos dos tempos dos avós dos nossos pais. Não havia cores… nem luz… A Paroquia “só tinha meia dúzia de casas à sua volta” e uma “praça pequena”… O Campo Grande é na capital. A Ganadaria é em Coruche. A Escola Equestre é no Entroncamento. O Grupo de Forcados é de Vila Franca de Xira. As chocas aparecem na arena – são artistas de pouca monta - e os Bandarilheiros de Aljustrel. Geminações são connosco.
Que tem um Quartel dos Bombeiros e o Centro Municipal de Protecção Civil espalhado no Parque Universal – Pólo I - Informação dos Lotes do Pólo I da Zona Industrial / “Lote 23” (?) em nome de uma firma que já não existe. (Informação retirada do sítio na coisa da página oficial do referido Município). Em que nome pagará as referidas taxas e licenças?
Que se come bem e bebe-se melhor a montante de uma capa vinagrenta com ares de novo ricos, à custa de compadres tesos. Isso é uma festança com pujança.
Que tem um Centro Difusor de Artesanato repleto de dinâmicas ocas retidas no interior de um “tacho” preto. O resto vê a luz do dia na Feira das …artes para turista engolir.
Que tem um Museu “apostólico” monoteísta, alicerçado numa necrópole sem almas nenhumas ou penadas.
Que possui um Aeródromo que capta OVNIS – Óbices Vistos Num Impulso Surreal. Esperem que ainda está na fase de corredor de ventos e erosão da fauna e flora… mas em adiantado estado de esbanjamento de dinheiros públicos sem consequências práticas.
Temos uma Escola Municipal do Ambiente – Parque das Medas – intacta e sem intervenção alheia ao meio ambiente autóctone. A sua biodiversidade é singular. Não há pluralidade…
Tem um Parque Natural na Serra - sem o seu Adão e Eva - ou seja ainda não forjaram o bode e a cabra para dar andamento á sua demografia populacional. A Serra está lá e recomenda-se. Linda. Agora o acasalamento está escuro. "Estamos já a arrancar milhares de pés de eucaliptos para substituir por espécies autóctones e criar zonas de pastorícia para criar rebanhos de cabras que são a melhor forma de prevenir os fogos”, disse…"A criação de rebanhos de cabras na serra tem um papel fundamental na limpeza dos matos, pois eliminam a matéria combustível e, por conseguinte, contribuem fortemente para a prevenção de incêndios florestais", acrescentou. IN Jornal de Noticias de 24-07-2008, encontrado atrás de uma carqueja - ontem - enodoado e em adiantado estado de decomposição.
Tem um “Alheamento” Turístico na Serra de São Pedro Dias que a procura de presumíveis utentes condiz com as instalações.
Temos um CCP – Centro Cientifico da Prepotência enclausurado para “artista de fora” ter o proveito e gabar. Cuja porta de socorro de um dos andares exige bradar por socorro, mesmo. Espantoso!
Temos umas Piscinas Municipais do mais tecnológico e avançado que existe. Para evitar gastos de manutenção – já que ainda não existem livros de informações de uso só com as vinte primeiras paginas e ultimas em número idêntico - não se usa para não se estragar. Um exemplo digno de poupança.
Temos uma ribeira betonada para não se perder nenhuma gota de água. A agua é um bem precioso por isso é que temos quase que levar uma barra de ouro para a pagar o metro cúbico. Estamos muito bem no ranking. Somos dos primeiros a nível nacional. Valha-nos o Sr. nada a dizer senão agradecer este desiderato.
As nossas taxas e emolumentos são das mais caras porque temos muitas exportações para o Parque Universal… e as transacções comerciais são pagas por caçoilo de cabra. Os Planetas que nos absorvem a mercadoria aguardam para aderirem ao Euro. Enquanto isso não há maneira de alavancar o nosso valor patrimonial para o dobro dos “50 milhões de euros”.
Temos muitos buracos para tapar… (mas quantos?) que o diga quem passa na Avenida da Rotunda dos Bombeiros até à Rotunda do Mercado. “Outros” dirão que a rubrica que os preocupa é velha história do valor do deficit democrático. Eu sinceramente acho um exagero. Neste concelho existe democracia a mais. Só um é que pensa, executa e manda. Esse é o escravo. Nós somos livres como os passarinhos.
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É maravilhoso viver num sítio destes! Pois não?
ALBERTO DE CANAVEZES