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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Soneto a um poema.

Queria-me rir, cantar, chorar quedar-me ao pé de ti e partir
sombrear o arco-íris a preto e branco numa espiral sem fim
murmurar ao vento que me enleva a alma sem eu lhe pedir
para o jardim dos teus ouvidos como uma elegia de jasmim.

Se a placidez parasse no sussurro de alumiar sempre a fugir  
e andasse de mãos dadas numa zanga de amor: porque sim
ninguém ousasse expor-me à sua morte sem a porta a abrir
e eu escolher o caminho a continuar como retorno até mim.

Para quê alumiar o luar do sol e o raiar da madrugada tanto!
Tocar com os olhos o teu corpo entre as minhas mãos vadias
se é no pardo que te quero ver em frémitos de suor e pranto.

Contem-me proezas de uma cantiga com ilhargas de encanto
sem ter dó de mim nem das dores que me flagelam, perdidas
que eu não sou um benigno Satanás, como um malvado Santo.
ALBERTO DE CANAVEZES