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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dia 19 antes do Natal

Estamos perdidos. E não havia necessidade para isso, bastava que cada um de nós usasse uma bússola, e depreende-se o norte a seguir. Estamos ou no inicio de uma espiral, ou no ultimo reduto de um beco. Tudo isto por causa da mediania a que nos fomos habituando no grau da exigência e da nossa postura na sua produtividade. Quase que sou obrigado a afirmar que o voto para a escolha dos nossos representantes numa democracia, deveria ser obrigatório. Quem não fosse votar sem motivo obvio ser punido com serviços cívicos em prol da comunidade a cada fim-de-semana. E ter a obrigação de recitar, durante as oito horinhas de quefazeres: “ Por minha culpa e indiferença estou a punir o meu corpo, porque ajudei o maior partido “A Abstenção” a deixar andar o meu País e conterrâneos entre as mãos de uns patetas. Como fui punido pela minha negligência não tenho o direito a criticar e por conseguinte tenho que trabalhar, trabalhar, trabalhar a minha cidadania. Até que surja o dia em que eu vou estar lá, para apreciar se o meu voto tinha razão como fundamento de escolha!?” – Confesso que se calhar isto é demagogia ou filosofia barata. A abstenção é fruto da descredibilização que devotamos aos políticos que nos aparecem na agenda para escolha. Tipo uma boutique de fretamentos no sentido da personalidade e grau de influência no partido… que nos entretanto entram no “sistema”… e os colarinhos ficam brancos… “O algodão não engana”… começam a usar gravata e perfumes de odores fortes e estonteantes… que no delírio metem a mão na poça… que sendo vista a olho nu não a vimos porque o nosso olhar não vê uma justiça de equidade entre os poderosos e os fracos e ricos e pobres. Escolhemos um peregrino da “região de guedelhas longas” na “região de guedelhas curtas”. As tecnocracias partidárias impõem-se. Os interesses individuais e cooperativistas impelem mordaças que para se criar o silêncio todas as facções desfrutam do engenho de nos fazerem comer e calar. A oligarquia está implantada. Os, cabeça de herança ou os herdeiros dos progenitores da nossa democracia trespassam-nos para os seus rebentos, como se fossemos bens vulgares ou imóveis. Depois surgem os caciques ou senhores feudais a dizerem devem escolher este. É bom rapaz, obediente, não é de grandes alaridos, já tem umas luzes desta coisa. É o meu “golfinho” sabe navegar nas mesmas águas sem as turvar muito. É um nadador de braçadas tranquilas, sem levantar grandes ondas...


Já chega desta incontinência democrática. Cada macaco no seu galho. Que cada escolha seja seleccionada colegialmente. Por exemplo para os municípios e Freguesias, nos seus sítios próprios. Sedes partidárias concelhias. Que apareçam nomes e depois se discuta, e se esgrimam argumentos e se faça a analise de quem melhor serve a causa pública. E tenha a honorabilidade social e politica para ser cabeça de cartaz. Temos capelinhas a mais e “escorropicha-galhetas” também e “Dom-fafes” idem agulha. Temos a tendência de nos deixarmos induzir subservientes inconscientemente. Não podemos encarreirar como a formiga a trabalhar com o batuque da cigarra como reportação. Temos que ter a destreza, inteligência e perspicácia para denunciar o uso e abuso do poder… à libré arbítrio. Perguntar não ofende. Ser esclarecido não nos dá o direito de julgar como nos provier. Temos que ser justos e equilibrados. Mas se nos negam uma resposta temos que a procurar na fonte natural, senão vamos ao seu nascente. É isso que faço sobre dúvidas que possuo e que tenho o direito como cidadão e eleitor de saber. Recusam-me saciar a sede das minhas incertezas na fonte, vou à nascente na procura de satisfazer as minhas interrogações. Não existe ninguém que me negue esse direito. Não temo as consequências da minha teimosia, muitos os efeitos perversos de insinuações: “ se eu lhe pudesse valer… fazia e acontecia”. Se ouvirem essas afirmações é porque existem prestidigitações menos claras ou feitas às escuras.


Se querem questionar a minha postura que o façam no sítios com o sentido adequado e proficiente para tal. Que o escrevam em actas. Quem me façam ir perante quem de direito denunciar as minhas interpelações. Se forem mentiras - que o digam com argumentação e documentação - ou que façam criar a alguém mau estares e suores frios. Não é problema meu. Força arrepiem caminho...


Vejam a volta que este texto deu do plural para o singular. Do privado para o colectivo e vice-versa. De contextualizar alguma incongruência ou interceptar alguns pruridos que pairam na boca de uns e que ficam a pairar no ar. Estes… pares… e impares… de palavras, estão em consonância com a parte nenhuma das coisas que pretendíamos que não acontecessem e acontecem. Sempre tive a percepção que nunca numa fui “abençoado” perante o caudal rítmico da música de quem se sente o catalisador da orquestra. Nunca me preocupei por isso. Fiz o caminho em que acreditava… com coisas mais conseguidas e outras menos conseguidas. Mas por elas todas dou a cara. E quando me enxovalharam o nome na praça pública nunca me deram a prerrogativa para me defender. Não na rua. Não na tasca da tia ambrósia. Sim nos areópagos políticos que a democracia nos colocou para decifrar a nossa conduta na causa de gerir os interesses da comunidade que nos delegou ser o seu rosto e voz. Com argumentação e documentação sustentada. Não com retórica e improvisos de circunstância. A guloseima e voracidade de cargos executivos, executados por uma única pessoa são um atestado de incompetência a outros cidadãos e à sua cidadania. Ao discernimento social. À proficuidade da equidade. Ao livre empreendedorismo. Ao controle do rejuvenescimento da própria democracia…


Temo que este governo se deixe ir na demagogia de não cortar a direito para não espantar o espantalho de agremiações cooperativistas. Deve cortar na adiposidade do estado, como um antibiótico no combate a uma doença não como uma aspirina. Que o façam com responsabilidade. Com sentido e autoridade de Estado. Que falem a verdade ao Portugueses olhos nos olhos, sem disfarces. Sem abrigos partidários. Quem pisou o risco, que seja punido independentemente da bandeira partidária. Acima disso está a Bandeira de Portugal, o nosso Hino “a Portuguesa” a nossa Pátria e os seus Cidadãos. Sendo estes os mais importantes no contexto desta crise. Mesmo que isso lhes custe descerem nas sondagens… saberemos ter o carácter de exprimir a nossa gratidão… Porque na hora da verdade com tal cumplicidade, não seremos ingratos. “Vale mais uma dor que um cento”.


Viram as voltas que dei no texto? É para mexer as consciências. É para nos colocar a meditar e a raciocinar uns com os outros.


Como disse o Sr. Bispo do Porto “somos um povo humilhado e disperso”. Embora cada vez me veja mais distante da Religião Católica, quero referenciar o trabalho de milhares de pessoas que imbuídas pela sua fé trabalham para minimizar toda a dor e sofrimento e mesmo a fome que muito de nós passamos, em regime de voluntário puro.


JORGE GONÇALVES