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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

POR UM CIDADÃO EXEMPLAR

Há amigos que se ausentam, que nos deixam um vazio indolor de ternura e imensa saudade. O Senhor Rui Manuel, deixa-me isso e um grito de revolta da forma indigna e infame como foi tratado por determinado “organograma” político. Lembro que acocorado nas suas costas o actual sistema atingiu o poder. Era uma Individualidade estimada por todos os seus concidadãos. Antes e depois do vinte e cinco de Abril o Senhor Rui Manuel representa para cada um de nós Poiarenses não a tão propalada raça, mas a alma mater de quatro ou cinco gerações. Dedicou toda a sua vida à causa pública com abnegado espírito de solidariedade e presença constante. O Senhor Rui Manuel foi pai e mãe de muitos atletas que galhardamente honraram a camisola da Associação Desportiva de Poiares.O Senhor Rui Manuel foi pai e mãe de muitos cidadãos que vestiram a farda da Filarmónica Fraternidade Poiarense.O Senhor Rui Manuel foi pai e mãe de muitos Soldados da Paz – Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Poiares.etc. etc. etc.O Senhor Rui Manuel foi o cartão de crédito, destas Instituições todas. Ao longo da sua vida. O Senhor Rui Manuel foi o Embaixador do Aposento que nos representa como estatuto de concelho. Não havia dinheiro para… a sua presença trazia. O Senhor Rui Manuel é um homem extraordinário – porque quem morre com a dignidade de não permitir a presença de quem lhe esquartejou a alma aos pedaços e deixou o seu bom nome manchado nos areópagos da política - na casa de Deus - para o acompanhar para a sua última morada, demonstra lucidez e decência de carácter. Mesmo no seu silêncio soube ser digno das suas mais profundas convicções. Porque ali estava o mesmo homem que foi em vida. Simplesmente inerte e em silêncio. Nos últimos anos da sua vida, tive a honra e o privilégio de partilhar espaços caminhados em comum com recheios de alegrias e tristezas, com vitórias e derrotas… e fiquei a saber porque um sufrágio pariu outro após um apagão… entre outras coisas mais… e por cada vez que nos víamos e falávamos, isso originou uma cumplicidade que nos permitiu trocar imensas confidências e diatribes… Era sinceramente um amigo que admirava e respeitava. Corroía-lhe as entranhas como tinha perdido o seu mandato e a reforma com que vivia. Um dia depois de comprar o Semanário Expresso – a um sábado – encontrei-o muito debilitado perguntando – lhe se o queria que acompanhasse a casa. Respondeu-me: “que não”…”que precisava era de se sentar um bocado e descansar”. Fiz-lhe companhia e simplesmente o ouvi. Falou de variadas praxes e descreveu uma situação que de todo me deixou perplexo. Fiquei estupefacto. Pediu – me sigilo. E possessivamente concitou – me: - “… só dás a conhecer tal situação se a pessoa em causa tiver a coragem de denunciar tal atrocidade e depois testemunhas que eu te disse...” Assim será. Falamos. Falamos muito depois da tal notícia… “...queria ver gente diferente naquela casa, sem cor...”.Reparou no relógio e levantou – se e proferiu: “vou às sopas e aturar o meu “Bin Ladem”, nome com que carinhosamente tratava o seu neto por causa da sua inquietude. Despedimo-nos, até ao dia que o vi na Igreja de Santo André. Fiz questão de ir devidamente fardado, porque me tratava simplesmente por “Jorge carteiro”. Por este Homem a sua memória obriga-nos a dar militância à cidadania, e corajosamente abrirmos um espaço de circunspecção para reflectir e saber quais os objectivos que pretendemos para o nosso Concelho. No intuito de apresentarmos uma candidatura Independente ao Município de Vila Nova de Poiares. Apelo a todos que estejam imbuídos deste espírito, a deixar de lado a “partidarite aguda” e colocar as mãos à obra, já a dois anos de tal evento. Quem tem medo de ser cidadão na sua plenitude!?Quem nos cede um espaço? Quem nos oferece uma mesa? Quem nos oferece as cadeiras? Eu estou disponível para avançar para tal aventura agora. E Tu!? E você!?



Jorge Gonçalves