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domingo, 18 de setembro de 2011

O PAPÃO. O JOÃO RATÃO. O TARZAN.

Quando eu era pequenino a minha mãe para me impedir de fazer qualquer coisa menos do seu agrado como; ir ao açucareiro; meter as mãos no pudim; mexer nos adornos dos móveis da sala e outras actividades menos ilícitas, dizia – me: - “hoje por castigo, vais para a cama, descalço”. E eu, ia mesmo para a cama, descalço. Fixe. Eu já o fazia, era um castigo normalmente adequado. De outras vezes dizia o mesmo: “bla… bla… bla… bla… Mas com mais ênfase. – “Vem lá o papão”. Hei lá, a coisa ai era diferente. O papão já era uma ameaça mais forte, menos visível, podia aparecer de qualquer lado… colocava – me em sentido e apreensivo. Irra! Quando ia à cozinha levantar os testos dos tachos para saber o que era a paparoca. Oponha-se para o perigo que corria… e falava – me na historia do João Ratão que caiu no caldeirão. Tinha que me orientar pelo cheiro, e chegava para as glândulas salivares aumentar ou diminuir de intensidade. Havia sempre algo verbal, que me manietava os meus exercícios bélicos.Mas a minha terceira mãe a minha tia São – porque a minha segunda mãe, fica no meu peito como a minha governanta quando vivia em Marco de Canaveses - dizia-me arrojadamente: “ um homem é do mar mija na cama, e diz á mulher que está a suar!” Aí – mesmo sem ter mulher – ficava com uma moral que parecia o Tarzan o rei da selva. Era a minha lei para o desenrascanço… … … …Mas deixemos de falar de mim porque posso virar os holofotes da ribalta só para mim e ferir a susceptibilidade do protagonista cá do sítio: - “eu já sou mais conhecido que o meu concelho”. Essa auréola, não a quero tirar ao cultivador desse culto de maneira nenhuma. Como tudo que sobe… desce. Existe sempre um apogeu e um declínio. E tenho a certeza que vai para a cama, descalço; que vai começar a ver papões de certeza absoluta tipo glutões que denunciam nódoas; mas se vai mijar na cama, estou – me borrifando. Se vai cair no caldeirão como o João Ratão muito menos. Nesta história registo que quem me rodeava na minha infância eram mesmo meus amigos, não me bajulavam porque também eram acometidos das mesmas ameaças… Discutíamos estratégias para fugirmos a essas placagens. Agora o artista da outra história parece-me que poucos amigos têm, falando no termo genuíno da palavra – os verdadeiros enxotou-os para canto - agora no séquito tem os bajuladores; os lambe botas; os interesseiros; ou os sim senhor. Faz tudo por impulsos, faz negras e arranhões na sua reserva; ameaça com carícias de alta velocidade o seu opositor directo. Ameaça tudo que tem opinião diferente da dele; guarda na gaveta ideias dos outros… para mais tarde as lançar como fosse o pai da criança. Aqui a letra da música de uma cantiga popular está actualizadíssima: - “e quem será / e quem será / o pai da criança? …” rima como manteiga no focinho do cão. Confesso que me dá dó se o papão lhe aparecer. Na minha história era invisível na dele tudo leva a quer que não! Mas por falar “na reserva” politicamente falando, julgo-a pior que ele. (desculpe a minha sinceridade). Quem lhe admite tais diatribes com o estatuto pessoal e elegância social que granjeou - que todos lhe reconhecem em todos os sectores da nossa assembleia - não venha fazer queixinhas na praça pública e auto-flagelar-se de novo. Assim como tentar desculpar o que não tem desculpa. Querida senhora mande-o às malvas e desloque-se para a sua área profissional, e torne – se uma “reserva” independente. Ou seja o fiel da balança. Use a sua consciência nos valores e coordenadas do seu pai. Que lhe ensinou: - que por vezes os nossos melhores amigos, não são aqueles que nos sabem fazer rir, são aqueles que por vezes têm a coragem de serem inconvenientes”. Paz á sua alma. A Senhora não se define profissionalmente como: autarca. A Senhora Doutora é profissional do Ensino. Tem ganha-pão. Olhe, porque a conheço tão bem, como as palmas da minha mão, digo – lhe: - já começa a ficar em descrédito. Seja livre como os passarinhos. E desfrute da companhia dos seus colegas que tanto reclamam por si e a adoram e respeitam. Como professora ensine-lhe aquilo que um profissional da sua área faz. Olhe, esqueça julgo que é um caso perdido!





Jorge Gonçalves