O passarinho do honrar meigo e triste.
Voava em espiral, em voos eminentes
Suportando a vanidade, nunca desiste.
Esvoaça. Fulgura. Aurora intermitente.
Prenunciou que teimoso e forte resiste
Sem norte. Sem destino… Esvoaçante.
Descansou. Olhou-me e declamou-me:
- Tu és amigo o negrume, mas errante
Da alvura do nosso destino que assiste
Ao resumo de uma sebenta preenchida
Que lutando na morte dá valor há vida.
O nosso feto não está nas minhas asas
Nem tão pouco na denúncia das brasas
Que acendes ao som das tuas palavras.
Anda passeia comigo, liberta a tua alma
Deixa o teu corpo e abate-o com calma.
O passarinho do honrar meigo e triste.
Esqueceu-se de um nada e uma coisa
Que não sou de descalçar um desígnio
E que o meu espírito… é a minha loisa
Aonde escrevo e apago a tal cidadania
Que me dá sossego para depois iniciar
O seu convite em troca da minha vida.
Nascer só para morrer… É um perjúrio
É ser covarde. Ser encapoto… um facto
Nasci para viver. Pão que não… abjuro
Vivendo com a alma e corpo esse pacto.
… … … … … …
ALBERTO DE CANAVEZES