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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

POEMA - Sintaxe

Que gramática?


Que figura?


Que concordância?


Que regência?


Uma pronúncia…


Sintaxe!


Eu lá quero saber de sujeitos


De posturas linguísticas


De regras


De todas as esquisitices


De preitos!


Eu sou um pedreiro de palavras


Um inculto, estulto e pouco adulto


Sou homem para levar dois estalos


E presentear quem mos deu


Com quatros cascos de… cavalos.


Eu sou grei… plebe… povo… gente


Que não perde muito tempo


A ser submisso a qualquer regente


Corrupto… abrupto…


Perante nenhum contratempo


Em algum momento.


A minha poesia


Fala do que Jesus disse da heresia


E o diabo do engulho…


Não é para ser avaliada por eruditos


Que numa frase ato num embrulho.


A teoria é o mal de todas as atoardas


Cultiva-se na inércia do dizer, sem ser acção


Ter farinha e não ter água e sal para fazer pão.


É confundir uns litros e quilos com umas jardas


E não ter borracha que decalque tantas rabiscadas.


Não sou Cristão, Muçulmano, Judeu sequer ateu…


Quero lá saber se são doutores, ou filhos da mamã


Eu sou filho de um esperma espirrado de manhã


Que meses depois acordou este espantalho que sou eu.


ALBERTO DE CANAVEZES