Ontem a aqui – Bedrock – fui a uns anos porque sim. Há sempre uma primeira vez para tudo. Aliás, todos os presentes rejubilaram com tal efeméride. Uns mais que outros. Uns ficaram encadeados com as velinhas… outros compelidos por entre linhas. Explico melhor. Aqui existe uma enorme tendência para coisas de índole duvidosa. E tudo quanto é de fora é que é bom. É melhor. E por aí em diante… Vão de lá e por mera contingência e coincidência, descobriram um concelho - no tempo actual - que tudo é há fartazana e há comensal. Tudo é megalomaníaco. Tal edilidade traz o diabo em figura de gente no corpo. De coisas ditas “instaladas” recapitula-se para “a instalar”. Entre inúmeras tropelias, apoquentações e regalias… Até que descobriram que existe uma interpretação da Lei que faculta o responsável máximo por tais desvaneios festejar o seu aniversário. Fecha a porta da sede do concelho, com um “Aviso” e manda perfilar para o CCP – Casino Científico da Prepotência, os seus funcionários sem apelo nem agravo. Ai, de quem falte ou falhe. Eu temo que tal tendência dos Bedrockinos para estes delírios, abominações, diatribes e abismos, tem a ver com a sua génese pura e cândida de pré-históricos. Os únicos arrufos que me deparo por aqui são entre o Fred e a sogra e de falta de urbanidade cultural entre o Fred e o Barney – ciúmes e dor de cotovelo do primeiro derivado e configurado na inteligência deste último. Até aqui existem momentaneamente labregos em fracções de/por segundo. Sintomas muito fugazes e arrebatados. Organizaram tal aniversário uma cópia fidedigna do tal. A negociata para o evento foi feita pelos trabalhadores mais apaniguados – com assistência social – pelo meio. Transportes de coisas e loisas efectuados pelos veículos do município. E, vai daí, já estamos nos “parabéns a você”. Uns cantaram com dentes serrados mas afinados. Outros cantaram desvairadamente com os braços estendidos em “facho”. Aqueloutros menos afoitos gesticulavam os lábios. Uns quantos recalcavam a letra para não se perceber peta. Outros batiam nos tachos… Depois as praxes do costume…
Depois da festança com cagança… feita para encher o ego do aniversariante – por ele próprio – vim a saber que as prendas que recebeu também foi ele que as escolheu. Muitos ficaram com um rombo nas finanças… na rubrica, “outros” ficaram a arder e a ver passar elefantes com tromba e tudo. Espectacular. Em tempos difíceis decisões muito difíceis. Deveras difíceis. Para contrariar a crise. Abastança para encher a pança e contrabandear na dança. O aljôfar das bonequinhas de corda foi o auge das cerimónias. Uma madre teresa de trazer por cá e a outra a mesma fiteira do costume. Esta, a última dispunha do nariz empinado parecia que a todo pé de passada cantava a “Marselhesa” “Pour les enfantes de lá patrie…” a outra a primeira, parecia rezar a música do Michel Teló: “Ai seu te pego” - acrescento eu - de costas… alá que se faz tarde… Mas voltando aos finalmentes da historieta dos ânus (é pá desculpem esta palavra mas não a consigo apagar do texto, é o sistema a funcionar... só pode.) reformulo, anos, para meu eterno descanso... aqui o dia de carnaval ajunta-se com os das mentiras no dia 13 de março / marçagão… homessa que susto o meu. Filtrando as devidas necessidades, estive nos anos do aniversariante sabendo que foi chacota. Que aqui, … não é povo mas “polvo”. Pode ser ao porcalhão que eu não me importo. Se tudo aqui não passa de uma sátira e de uma brincadeira despretensiosa. Porque no tal… fica bastante dispendiosa. Já agora a única coisa que não percebi foi quem paga ou pagou a festa. Lá. Cá desconfio quem seja. Como sempre.
(continua)
ALBERTO DE CANAVEZES