Hoje um populista associal
assumiu o lugar deixado vago por um individuo oriundo do arco-íris da
tolerância democrática, étnica, religiosa e emigrante – a génese colectiva da
sua pátria. Obama representa uma atitude de indulto da história para com o
sonho que milhões de pessoas procuraram na América. Obama representa para mim a
definição de quem se faz rosto e voz de um passado com memória e se adestra a
um presente com história. Obama postou a Africa na América e inocentou a Europa
da sua mesquinhez… Obama honrou a democracia plural e agitou com mestria e
charme os brejos dos interesses instalados sem estilhaçar valores, princípios,
razões, fundamentos, conceitos filosóficos daqueles que se sentem iguais nas
diferenças de cada um. Custa-me entender como uma pátria omnipresente que
adopta um dos sonhos de Martin Luther King… logo depois se espelhe num ruivo
preconceituoso e xenófobo…
O populismo desta película também
graça na Europa- – que a esmagadora maioria dos políticos negam entender. Mas tal
medrança deve-se ao facto de se fazer politica com a ligeireza dos acomodados a
chavões de lados – esquerda e direita – em detrimento das alturas dos seus acontecimentos
e comprimentos do seu alcance. Ou seja, intrinsecamente os tempos não são só dos
membros laterais, mas do corpo que os sustenta, também. Urge redescobrir a
descoberta de um conceito democrático alicerçado nas opções dos caminhos que se
escolhem para chegar ao que todos assumem como a cividade ideal.
O radicalismo que suporta a intolerância
e o desprezo pelas fragilidades alheias institui a propagação da indiferença ruidosa
e estigmatização silenciosa. Culpando quem vem lá e a denuncia da presença de
quem chegou como o mal de todas as desgraças é o acordo tácito dos que os “acolhem”
e dos que os denunciam. Temos que definir regras de cortesia que absorvam a essência
de cada um no plural de todos nós.