NÃO QUER, NÃO O FAZEM
Quando amanhã existir o depois de hoje
Nasce o passado no momento de agora
Solta – se uma amarra da era que foge
Arribada noutra que se alterna vida fora
O que um não quer, dois não o fazem!
Mesmo que firme e algemado
Descuidado de qualquer censura
Entre emoções ter declarado
O que a mentira diz usura
O que um não quer, dois não o fazem!
Mesmo vivendo de braço dado
Fabular afagos de brandura
Por contemplações ter declarado
O que a verdade chama de jura
O que um não quer, dois não o fazem!
Mesmo que amor faça de fado
O tempo o relembre sem cura
Finja ter ar de preocupado
Nada o faz mudar de figura
O que um não quer, dois não o fazem!
Mesmo que amar não tenha lado
Não tenha peugada de procura
Que alguém pare, fique calado
Alcunhe alguém de mão segura
O que um não quer, dois não o fazem!
O que um não quer, dois não o fazem!
Alberto de Canavezes