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sábado, 23 de fevereiro de 2013

POEMA - Tenho fome de ti e sede de nós…

Tenho fome…

Dá-me a sede do teu amor

E o teu amar da nascente que me seca.

Da nuvem que esconde o sol e a lua

Atrás da tua sombra

E te veste de um luar

Nas asas de uma pomba.


Estando tu toda nua.

Eu acredito no silêncio

Do teu falar

Entre o meu rumor

De te adejar.

 
Não tenhas frio

Eu agasalho-te

De rezas e de juras

Daquelas que se abjuram

Como quem transgride a fé.


Existem, de nós, gemidos no céu

Nos ventos e rápidos de um rio

Que ambos livres

Descalços e a pé

Somos um do outro: - o réu.

Acorrentados ao mesmo cio.

Alberto de Canavezes

sábado, 16 de fevereiro de 2013

POEMA – Luar da Lua ao alto

 Luar da Lua ao alto
                       … arriba acima ao Roxo.  

Quando a Lua baloiça no alto pachorrentamente

Espiando o Roxo e a Aveleira as estrelas brincam.

Galhofam alheadas de um tempo que passa e vai

De lembranças que testemunharam e estampam

Figuras e falares de gente que da vida entra e sai.


Lá ao alto a Lua finge estar a dormir airosamente  

Que para despertar, corda os olhos ao Mondego.

Desposa os namorados e entrelaça-os em ciúmes

Algemando-se no desejo de com eles armar amor

E de abocar nas nossas vidas sem rogar por favor.


Encosta abaixo, arriba acima, embrulha o Caneiro

Espevita o sol para o dia e disfarça-se no nevoeiro.

… … … … … …

Alberto de Canavezes

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Poema – A alma de não supor.


Existe sempre algo que nos condiciona um sonho.

Algo que se esfuma em nada de um mesmo todo.

Algo que refúgio e dou como resgate e proponho

De uma maneira firme e sempre do mesmo modo.

 

Só desiste de um sonho quem cessa de o respirar

Quem se aflige de o ler, redigir, atender e avistar

Quem desalma a alma e se sente sem ego e sopro

Quem se declara vivo e persiste em estado morto.  

 

Basta querer viver numa vasta alma que se gera e casta

Que mesmo sem ter o seu haver de o lutar valeu viver!

Alberto de Canavezes

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Poema – Um dar a Mão


E o vento empurrou-me pró alto

Elevando-me em levitação pura

Marcou-me encontro com a lua

Fez-me arrufar com o sol na rua

E num redarguir que ainda dura

Cindiu o que me doou de assalto.
 

O que me é “querido” não há nas cores do arco-íris

Nem pelas farinhas moídas nos moinhos da Aveleira

Existe perto do azul do Éden e a atalaiar o Mondego

Escondido no nevoeiro e figurado no airoso em Roxo.
 

Que cisma me deu a caminho de Figueira de Lorvão!?

Que União no Futebol me tem Clube num Dar a Mão!?   

Alberto de Canavezes

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

POEMA – A noite aos pés do Olimpo



Ontem pela noite escalei ao Olimpo

Subi. Subi. Ascendi… e sem ter medo

Vi estrelas talhadas no Azul do Roxo

E vi Coimbra a seus pés num enredo.


Passei de soslaio no Caneiro. Galguei.

Subi. Subi. Cresci num ápice e apego.

Vi a lua a evocar nomes ao Mondego

E abjurar luz em Lorvão ao Convento.   

E Subi… subi… subi …

E não tive mais estrada…

Encantei-me.

- Que alento!

Arrebatei-me.

Apareceu uma aragem de quimera…

Abri um portão sem aldraba

E deslumbrei-me…

A acariciar a Primavera:

- Coube no além de mim e no antes do eu

E apareceram sombras da minha infância

Por ruas cobertas de vultos e sonhos meus

Namorado ao afago em algo de confiança.


Desconfio que vi um Santo a fingir rezar

E entalho a certeza que um Ateu o rezou.

O Roxo… é uma aguarela linda de pintar

Num pedaço de terra que ninguém criou.

Alberto de Canavezes

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Poema – “Abraça” ao Roxo e Aveleira.


Entre o Roxo e Aveleira num espaço que trecho e caiba

Cresci ao céu e alcandorei-me numa nuvem sem chuva.

E entre o vento a brisa o nevoeiro… adejei ar numa eira.

Delonguei uma recta… achatei-a, malhando uma curva

Que gritei do ergo do cume bem alto para que se saiba

Que me delicio ao passar por lá e as merendo numa ceia.  

 

Alberto de Canavezes

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

POEMA - Tu de ti sou eu...


Há em ti uma aura

Que transborda o além de nós

Uma coisa que nos absorve e repele

Que numa poeira sem pós

Nos afaga e faz áurea a pele.

 

Que banho de sujo teu tomei

Que toalha uso para me limpar

Se em todo o meu corpo achei

Uma silhueta de ti sem a apagar!

 

Estás iletrada em mim não te sei ler

Tão pouco te sei ditar para te escrever.

Estremeço.  

E com a tua imagem, adormeço.

 

Estás disfarçada em mim não te sei ver

Tão pouco te sei falar para te perceber

Arrefeço.

E com a tua miragem, aconteço.

… … …

Alberto de Canavezes

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

POEMA – A MATT CARDLE


Magistral. Soberbo. Sublime. Único. Acalma a calma e o repouso do silêncio.

Igual!? – Só o sussurro da fogosidade melódica do mesmo. O lídimo: - é ele.

Que fumo exala aos meus olhos e me enche a alma senão a voz de incenso!… 

Quanto demora a acender uma vela cem cera e sem chama que alumia nele!?

 

Não preciso de usar acendalha, pólvora ou empurrar o talento para a lenha

O seu pintar perfeccionista contagia a barreira com o seu eco e masturba-a.

Que não há quem queira viver no céu ouvindo a sua voz no inferno. A senha?

É que no derrubar a frigidez de um ouvido insensível a besta guia-a e curva-a…

 

Mas se existem os Anjos e o tal Deus

Lá pelos remansos sítios aonde se albergam os Santos

Existem almas que se abotoam dos seus talentos

E se perdem moribundas de fé por todos os cantos…

E a Babilónia será:

- Quem não o ouvir, outro caminho não terá…

E sem o seu ego se desprezará!

Alberto de Canavezes

sábado, 2 de fevereiro de 2013

POEMA – Ao Roxo que sinto em mim!

Que roxo tempo se poisa em mim qual moinho me faz pó de farinha se eu em ti sou nevoeiro e espírito um naco de nada e fada-madrinha. Que aplaco sinto no alto do monte que calma me acomete e faz viver num abafo que me afague e conte que um dia hei-de lá querer viver. Que descoberta detenho eu que pareço vem perto do céu da lua e do eterno que demando um evocar de meu pai numa melodia que recebo e mereço!
… … …
Alberto Canavezes