E calcar a tua sombra nos teus passos
Sentir-me imensamente forte e só
E minguar de idade e continuar velho
Atado num nada de muito sem nó!
Calcorrear qualquer beco e quelho
A erguer e joeirar pomos do teu pó!
Quero trepar pelo teu corpo e voar
Descobrir-te a cada beijo e carinho
Agrupar as duas partes de cada um
Gemer um silêncio que não o ouças
Mas que o sintas na soada do prazer
Entre o sonhar, acordar e alvorecer!
Que o sol se envergonhe do luar da lua
Que a Lua se aperte ao raiar da nossa fadiga
Que as estrelas te atem na sina da mesma rua
Finjam o nosso bem-querer como uma intriga
E me façam vadiar pela tua sombra bela e nua!
Alberto de Canavezes