VISITAS

sexta-feira, 23 de maio de 2025

"Ensaio sobre a Cegueira"

Existem tempos de meditação e outros em que as certezas se aliam com tudo que nos dá essência e vida. Vivemos tempos de muitas incógnitas e momentos em que as estratégias se sobrepõem ás evidencias dos factos e razão.

Sempre soube viver intrinsecamente ligado ao cordão umbilical das minhas convicções. Nunca me destitui do direito critico que a liberdade me concede. Preservo imenso a minha honestidade intelectual e o discernimento que essa faceta me exige. Nunca me acomodei ao poder instituído, para me sentir bem e importante. Tão pouco adapto esse caminho, para ter o direito de ser um cidadão com mordomias e direito a protagonismos falaciosos.

Já desconfiava antes do dia 18 de maio o que agora, após esse dia, constatamos e passamos a conviver. O abrupto arriamento da esquerda baseada na alucinação “woke” e a decadência da mensagem e vultos do partido de Mário Soares, que numa estratégia suicida deu protagonismo a um só deputado com advertências de inquirimento, regras e bons costumes. E que já acompanhado por mais onze, idiotizou que se aparecessem mais, fragilizava o partido de Francisco de Sá Carneiro. Esse doutoramento de estupidez e insanidade política, tem rostos. Os mesmos que agora solicitam “caridade” para poderem resfolgar. Ferro Rodrigues, Carlos Cesar, Augusto Santos Silva, Pedro Nuno Santos… coadjuvados por meninos de “está-se bem” da creche do Largo do Rato e militantes e apoiantes seguidistas destituídos de análise critica ou pudor. Os que entre muitas omissões e negligências, nunca expressaram repúdio publico pelo líder que vivia – e vive – “à grande e à francesa”, alegadamente pelo altruísmo de um primo e mamã.  

Sendo o mentor e estratega maior, o sr. António Costa - um político trivial – que goza agora a benesse de ser o Presidente do Conselho Europeu… … ….

E nessas e outras incongruências. Indignações. Desregramentos. Ressentimentos. Protestos. Concludente disrupção, os antifascistas de outrora, tornaram-se os neofascistas de agora. Ironia das ironias.  Repare-se que a sul do Tejo só o distrito de Évora não se chegou ao Chega. Mas há a “Necessidade de uma acção comum para enfrentar os interesses reacionários”. Para que não reste dúvidas – atentemos - na leitura de um texto mui ficcionado: - “CDU é a expressão do compromisso”, afirmou o Camarada Geral.

De alucinação…, em delírio inato, o PCP atira-se para o barranco de um reguengo do que sobejará…  para não falar do que aconteceu no Alvito… e afins.

A única esquerda que emergiu foi a europeísta e sem conotação com o exercício de poder recente…

Espasmo do pasmo, agora, alguns socialistas insurgem-se contra a sua rogada “exclusiva” arma, “o voto popular”.  E levantam fantasmas num “placard” de frases de intelectuais – o mais requisitado é o escritor que escreveu o “Ensaio sobre a Cegueira” - para acordarem para a vida plena da democracia pluralista e abrirem a pestana para banhos de humildade e águas medicinais para fortalecer o esqueleto. Querendo insinuar que actualmente a esmagadora maioria do eleitorado é jumento e eles os imperecíveis iluminados.

- Será que esta gente não tem a capacidade de um acto de contrição!? – a ser assim são e tornam-se tão burlescos.

Tempos de apreensão nos aguardam. Momentos desse tempo, exigem-nos ponderação e intervenção.

A ascensão do Chega é preocupante porque se baseia no culto da personalidade, estigmas de avaliação comportamental…, demagogia…, referências políticas internacionais que não olham a meios para justificar os fins.  O Chega, ostenta-se num discurso assertivo – repito, DISCURSO - de denúncia e de razões de valores que nos definem como povo e pátria. Um cardápio de assuntos que a esquerda estigmatizou como irrelevantes, com o chavão inclusivo e segmentado numa babugem futurista de equidade social. Importa é demonstrar compaixão como de um tratado de nacional socialismo se tratasse e rendas se sustentação fossem.

O eleitorado do Chega é baseado na sua esmagadora maioria em cidadãos dignos e cientes de justiça social. Fartos da promiscuidade daqueles que fizeram da causa pública um jardim de aromas seus e sombras exclusivas dos seus agregados. É preciso resgatá-los para os espaços sociológicos da tolerância. Da equidade representativa baseada na idoneidade, rigor, transparência e meritocracia.

Tais evidências, infelizmente são transversais a toda a sociedade e ao seu campo gregário. A mim nessa denúncia, compete-me regressar ao espaço público como um dos seus agentes e assumir a minha cidadania plena.