Olho-me ao espelho e vejo o meu herói preferido.
Mas reparo que ostenta imensos cabelos brancos. Imensas rugas na cara e dispõem
de um semblante cansado. Exausto, mesmo. No olhar ressalva um brilho que se
confunde com o seu sempre e agora. As ideias de ontem são os ideais de hoje e
nesse reflexo se dispõem todas as suas sombras. Essa luminosidade incendeia a
sua autenticidade e a sua recusa em só ter nascido para morrer. Não expressa altivez
subversiva. Tão pouco tacanhice impulsiva. Cultiva o “eu em mim” e sente-se
dele, uma áurea de lealdade a princípios, no seu oceano de liberdade. Não se
refugia na desculpa fácil nem se nega a assumir os seus equívocos e omissões. Não
coagiu o acto aleatório dos movimentos da vida ao pernicioso de malsinar a realidade
em proveito próprio. E sobre isso – ao desdenhar de uns - faz emergir um
sorriso num júbilo de tranquilidade. Mas malogradamente deixou de acreditar no
Deus a que todos ocorrem para socorrerem os seus bons e maus intentos.
A sua própria existência sustenta-a num deus
menor de equilíbrios. Num sémen embuçado amorosamente de emoções e afectos … … …
… … …
Interpretando a sua companhia, afirmo, é bom
sentir a pele, de quem se, respeita.
Alberto de Canavezes.