Hoje queria sentir o teu corpo
por meio de uma alma
perdida e frágil.
Sentir-me nu 
passear-me absorto
repatriando-me
numa pátria clandestina
e ser pela minha cidadania
um dos seus heróis, morto. 
Queria-me sentir um trôpego
um plano pouco ágil de ditador.
Despoletar uma rebelião
puxar de uma pistola
condicionar uma revolução
e encantoar numa sacola
muitos gritos de pouca dor.  
Apartar sem bussola, perdido…
como um comando sem norte 
um tropa  de elite sem recruta
que quando exausto e caído
tem como gemido a sua escuta.
Pretendo-me esconder nos teus poros de suor
fazer dos teus peitos uma trincheira.
Quero de ti todo o teu sexo 
e anarquicamente ficar… inclusos
por causa de tanta bandalheira
sem contexto nem nexo
conforme dois acusáveis… reclusos
gradeados em convexo… 
Amo-te. Quero-te fazer guerra 
num sítio sem mar e sem terra
quero-te levar à rainha das estrelas, a lua 
e olhando-te nua…
ela implore também ser tua. 
Eu não temo ser um cobarde
quando me exponho a teus pés
quando te peço afagos e amores
e eles duram até bem tarde…
pelas horas do muito dos teus fervores…
pelos minutos dos meus infinitos, fulgores.
… … … …
ALBERTO DE CANAVEZES
