(excerto
de um dos meus inúmeros livros pespegados na clandestinidade do meu reino de
histrionias).
…
… ….- Trochadas, hoje apetece-me ir dormir com a tua mulher!
Sobre estas palavras fez-se um silêncio comprometedor na sala de reuniões. Os condiscípulos do partido, Juntos Conseguimos Mais Sonhos, acordaram como que estremunhados de tal insónia e ficaram de boca aberta a contemplar a passividade do visado. Cochichava-se em surdina. Arrazoava-se considerandos pouco abonatórios sobre quem tinha vociferado tal aleivosia… Se não o era, parecia!?
Mas verdade, verdadinha é que todos olhavam para o canto aonde supostamente se condoía, o, cabeça de testa de tal pretensão.
E para espanto de todos, abruptamente o preterido de sua cama, bradejou:
- Não, não vá, antes de eu mudar os lençóis!
Espontaneamente surtiu um aplauso ecuménico dos presentes que tal graciosidade deixou de ser obra do pecado para ser do pecado a obra.
Depois deste imberbe rogo, de todos, o Trochadas era o mais alegre e prazenteiro. Saiu pouco depois de se deixar ouvir um trilar “bravo”, provindo das profundezas da alma de um dos mais afaimados acólitos.
Desconfiou-se que teria ido obrar em conformidade.
… … …
Alberto de Canavezes