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sexta-feira, 17 de abril de 2020

Gozar Abril, gozando com a nossa cara.

“Estamos noutro patamar”, vociferam. (Jesus já o diz, não o Messias, mas o Jorge do futebol). Inteiros ou mesmo a metade os deputados da Assembleia da Republica não sofrem de "layoff", continuam com as mesmas mordomias e a cada “aí” nosso, respondem ou consentem esta solução: - “ajudas do Estado implicam mais impostos”.
Ok. A malta continua confinado a um distanciamento social de tal ilustre casta. Estamos habituados. Por isso o nosso aparente sucesso perante esta pandemia. Muito isolamento, muito adestramento, mesmo.
O 25 de Abril é uma data muito relevante da nossa história. Esse dia colocou-nos um cravo na lapela depois de conquistar o cano de uma G3, após esta, silenciosamente ter apeado uma ditadura do poleiro. Deu-nos uma Constituição aonde o Paraíso em livros sagrados não possui tanto enlevo. A Constituição tornou-se uma miragem, um intento metafísico, restando-nos o Paraíso como o único espaço que nos possa proporcionar a ilusão de podermos ser felizes, um dia. A nossa classe politica criou uma carapaça de infalíveis e intangíveis. Antigamente íamos da província com uma mala de cartão na mão, pé descalço e roto à procura de Lisboa e dos seus efeitos e enfeites sociais. Hoje quem parte para lá, é um zé ninguém da politica que se torna um ti-homezito eleito e sem que se saiba que ganhou um prémio de sorte, fica rico. Veste roupa gourmet. Azeita-se ao espelho com comichão nas partes púdicas, simula um discurso e sente-se o Aznavour de “la bohème” no excerto: - “Eu que morria de fome e você que pousava nua”. Simbolicamente, descreve a sua personagem inicial na República e a esfinge que a representa.  E porque se conquistou de abril – que não o nosso – quer mostrar que o seu abril é como o Natal mercantil. E sempre quando um homem quiser. O nascimento do menino, o presépio cheio de neve, muitas prendinhas e o pai natal anafado a descer pela chaminé, após estacionar a carroça e prender as renas a um pinheiro cheio de luzinhas a tilintar. As ovelhinhas a berregar e o carneiro todo lampeiro atrás de nós para nos comer por lorpas. Cochicham.

Creem que o Covid 19 é um anarquista que se situa entre o 24 de abril de 1974 e o dia de hoje. Sem mais nenhum dia, simplesmente estes dois. É um fascista disfarçado de populista.